Essa passagem do Evangelho que a liturgia nos traz no 12º Domingo do Tempo nos traz grandes lições para nossa própria vida e nos ajuda a despertar a nossa fé que está, muitas vezes, adormecida.

Primeiro Momento: A Tempestade

Poderíamos distinguir três momentos, sendo o primeiro deles a tempestade. O Evangelho descreve uma tormenta que quase fazia o barco afundar. Alguns dos discípulos eram marinheiros e os marinheiros são conhecidos por serem intrépidos, acostumados a lidar com o mar, mas estes aqui, apesar de sua experiência com o mar, estavam com medo.

O paralelo com nossa vida é muito claro. Também em nossa vida, quando menos esperamos, surgem as tempestades. Podem ser em nossas relações, em nosso trabalho, em nossa saúde, um problema econômico. 

Algumas situações são grandes e mudam por completo nossa vida, outras são pequenas, mas nos trazem uma sensação de abandono, de fragilidade, de impotência. Porém, coisas ruins também acontecem com pessoas boas. Tudo nesse mundo está desajustado por causa do pecado e, por isso, coisas ruins acontecem. 

“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.“ (João 16, 33)

Segundo momento: Os discípulos se queixam

O segundo momento que distinguimos neste evangelho é quando os apóstolos aguentam um tempo, tentam lidar com as ondas e com o vento, apesar de Jesus estar dormindo. Querem ser respeitosos com Jesus e tentam lidar sozinhos com toda essa adversidade.

Mas, as forças humanas começam a dar sinais de esgotamento. O vento é forte demais, as ondas estão ameaçando afundar a barca. Neste momento, eles se queixam com Jesus. É uma reação natural. Quando nos sentimos abandonados, vítimas, quando sentimos que estamos sozinhos, que Deus não se preocupa conosco.

A lição que aprendemos é que não existe vida sem mudança. Não existe mudança sem perdas. Não há perdas sem sofrimento, portanto sofrer é inevitável. Mas, temos que ser pacientes, expor nossa dor a Deus, colaborar com Ele. Não nos revoltar ou ficar bravos.

Por outro lado, por que Deus tem que ser o último recurso, quando já esgotamos todas as nossas forças? Temos que fazer exatamente o contrário. Temos que acudir a Deus tão logo as tempestades surjam em nossa vida.

“Com a minha voz clamo ao Senhor; com a minha voz ao Senhor suplico. Derramo perante ele a minha queixa; diante dele exponho a minha tribulação.” (Salmo 142, 1)

Também, a dor e o sofrimento são saudáveis se eu soubermos usá-los para nosso crescimento. Para nos desprender de algo na vida que não nos deixa seguir em frente.

“Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos.” (Tiago 1, 2)

Terceiro momento: Jesus acalma a tempestade

Um terceiro momento que podemos ver nesta passagem do Evangelho é justamente quando Jesus acalma a tempestade.

Jesus acordou de seu sonho e mandou o vento e o mar se acalmar. Deve ter sido um momento incrível. Comenta o evangelho que os discípulos “ficaram com grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Marcos 4, 41)

E a lição que aprendemos nesse momento é que, quando sintamos medo e estejamos sofrendo, temos que acordar nossa fé adormecida e confiar em Jesus.

Os momentos que mais sofremos é quando deixamos de confiar em Deus, e achamos que estamos sozinhos e que sozinhos temos que lidar com o mundo inteiro. Mas isso não é verdade.

Deus está sempre perto de nós, especialmente quando sofremos. O que ocorre é que nossa fé é fraca, está adormecida e é preciso acordá-la. Olhar para Jesus, intensificar nossa oração e nossa confiança.

“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Marcos 4, 40) 

Essa é a fé mais importante, a que nos alcança a verdadeira paz interior e felicidade na vida. A fé que nos permite caminhar só confiando em Deus. A fé que nos permite estarmos fortes sempre, apesar de tudo.  

“Confia o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.“ (Salmo 37, 5)


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