O perdão: aprendendo com o Senhor
O perdão proposto por Jesus é, talvez, uma das partes mais “escandalosas” do evangelho. Sugerir que alguém deva dar perdão ao seu próximo, se necessário, setenta vezes sete, parece fugir do conceito humano de justiça.
Esse perdão do coração é um libertar-se de todo rancor, porém não implica necessariamente reconstruir um relacionamento. Por exemplo, depois de situações graves de ofensa no matrimônio ou em uma amizade, não é fácil.
Afinal, o que o Senhor quer nos ensinar no Evangelho?
O amor é reconstruído pelo recomeço do perdão
Como foi dito, reconstruir um relacionamento e perdoar são duas coisas diferentes.
Para reconstruir um relacionamento e renovar a confiança, não basta só o perdão ao ofendido. É preciso também que a outra pessoa reconheça sua culpa, peça desculpas e queira mudar de vida.
São nestas condições que Jesus nos pede para perdoar setenta vezes sete – ou dar setenta vezes sete oportunidades, ou seja, enquanto houver conversão e o sincero desejo de mudança. A pergunta que resta é: Como perdoar de coração quando o rancor ou o ressentimento não nos deixam?
Amadurecendo o perdão
Às vezes perdoar é como um fruto que já está maduro e cai sozinho da árvore. Outras vezes, o perdão ainda está verde e precisa amadurecer. Como o fazemos amadurecer? Temos que ter algumas atitudes:
Tomar a decisão de perdoar
Tudo se deve perdoar e tudo se pode perdoar. Mas precisamos tomar a decisão em vista da nossa reconciliação e dedicarmos o perdão com plena consciência e como uma escolha pessoal e definitiva.
Jesus sabia como isso podia ser difícil, por isso nos deu um motivo muito forte. Ele conta a parábola de um senhor que não perdoou um servo, pois tinha negado perdão a uma outra pessoa que lhe devia bem menos que sua dívida com o senhor.
Então Jesus disse: “Assim também fará meu Pai celestial a vocês, se cada um de vocês não perdoarem de coração a seu irmão” (Cf. Mt 18, 35). Gostaria ressaltar que Jesus fala aí do perdão do coração.
A segunda coisa é controlar nossa imaginação
Quando estamos feridos e somos ofendidos, temos a tendência a voltar constantemente, com a imaginação, aos fatos acontecidos. Por isso, lembramos, reconstruímos os momentos, reconsideramos uma e outra vez que aquilo foi muito injusto, rude etc.
Pois bem, temos que controlar nossa imaginação. Se não o fazemos, voltamos a abrir a ferida. Não é verdade que o tempo cura tudo? Desse modo, se alimentarmos o rancor, lembrando-nos constantemente dele, e em troca de diminuir, a ferida cresce.
Temos que fazer esforço por compreender a outra pessoa
Certa vez, alguém disse que quem sabe compreender, não precisa perdoar. A compreensão transforma o rancor em compaixão.
Logo. compreender significa colocar-nos no lugar do outro. Ver como muitas vezes atuamos movidos por medo, por maus entendidos, por influência do ambiente. Isso é entender a formação e as experiências do passado que marcaram o ofensor.
Portanto, muitas pessoas que atuam de um jeito agressivo e magoam outros, foram elas também magoadas e maltratadas.
Por último, temos que rezar
O perdão é uma graça de Deus. Logo, temos que pedir insistentemente a graça e a força para perdoar. Quando o fazemos, Deus nos dá a força para amar com seu coração e perdoar com a sua misericórdia. Então, nos empresta seus olhos para enxergar os irmãos do jeito que Eles os vê.