Aprendendo a amar como Jesus amou
Neste quinto domingo da Páscoa, Pe. Rodrigo Hurtado LC, em sua homilia, nos ensina que o verdadeiro significado das palavras de Cristo é colocá-las em prática.
Pe. Rodrigo já inicia sua homilia dizendo que se o «Evangelho fosse uma cordilheira, esse trecho de hoje seria o Everest, é o ponto mais alto». Jesus se comove até o profundo de seu coração e fala algo que nunca havíamos escutado antes de sua boca. Ele nos deixa todo seu ensinamento concentrado em um único mandamento.
“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.”
(João 13, 34)
Isto é justamente a coisa mais importante que podemos fazer na vida: aprender a amar. Deus nos criou e nos colocou nesse mundo só para isso. Se aprendemos a fazer muitas coisas, mas esquecemos de aprender a amar, perdemos todo nosso tempo, pois, como diz S. João da Cruz, “No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor”.
E, por outro lado, quando aprendemos a amar, nós colocamos as palavras de Jesus em prática e damos fruto, como Ele dizia na parábola do semeador. João insiste também nesta ideia à primeira comunidade.
“Filhinhos, não amemos de palavras nem de boca, mas sim de atitudes e em verdade.”
(1 João 3, 18)
E Tiago é um discípulo que escreve uma carta quase dedicada exclusivamente a isto. Ele diz.
“Sede praticantes da Palavra e não simplesmente ouvintes, iludindo a vós mesmos.”
(Tiago 1, 22)
Um Mandamento Novo
Por que Jesus se refere a esse mandamento que ele nos deixa como um “novo mandamento”, se o mandamento de amar ao próximo já estava no Antigo Testamento? O mandamento do amor era um mandamento antigo, mas agora se torna novo, porque Jesus é o modelo e o exemplo de como viver na prática esse mandamento.
Aqui também é preciso identificar quem é o “próximo” de quem fala o mandamento. O próximo não é somente aquela pessoa que amamos, que está ao nosso redor. Quando Jesus responde a um fariseu sobre quem é o próximo, Ele coloca o exemplo do bom samaritano que ajuda um estranho. Portanto, próximo é toda pessoa que está ao nosso redor.
Como amar ao próximo com obras concretas
Escute os sinais de sofrimento
O amor sempre começa escutando, abrindo os sentidos para perceber o sofrimento dos outros. Escutar o sofrimento de quem? Das pessoas que estão ao nosso redor. É como, por exemplo, ver casamentos em que o esposo ou a esposa não escuta o sofrimento, a solidão ou a tristeza de seu cônjuge. São pessoas que moram juntas, mas estão profundamente sozinhas.
Também em nosso trabalho, com nossos amigos… estamos escutando os sinais de sofrimento? Nem precisamos falar das pessoas que vemos na rua.
Jesus, inúmeras vezes, parava nas ruas para escutar o sofrimento das pessoas como, por exemplo, do cego em Jericó, ou aquela mulher que sofria de hemorragia.
Em especial precisamos parar para escutar o sofrimento daqueles que ferem, que ofendem. As pessoas que menos merecem amor, são as que mais precisam. O mundo de hoje está gritando, pedindo ajuda. O mundo está carente de amar e ser amado.
Numa reunião de trabalho, por exemplo, surge uma discussão que gera um desconforto, o ambiente fica muito tenso. Na imensa maioria das vezes, o problema não é a diferença de opinião, mas o problema é que alguém ou várias pessoas não estão se sentindo ouvidas. Quando as pessoas não se sentem escutadas, ficam tensas, ficam bravas… – reforça o Pe. Rodrigo.
Na maioria das vezes, basta colocar um sincero interesse em entender o ponto de vista do outro e o problema rapidamente se soluciona.
Pare o que está fazendo
Nós vemos isso em Jesus também. Ele podia estar muito ocupado, mas quando via alguém precisando de ajuda, parava o que fosse que estivesse fazendo para ajudar, até mesmo esquecendo-se de suas necessidades.
Por exemplo, numa ocasião Jesus passava por uma cidade chamada Naim. Ele não ia para aquela cidade, ele ia para Cafarnaum. Nesse momento saía um cortejo levando um jovem defunto. Jesus percebeu que se tratava de uma mulher que tinha perdido seu único filho jovem e diz o evangelho “que parou e se moveu de compaixão”.
O princípio é este: Se você quer ser usado por Deus, tem que aceitar ser interrompido por Deus.
Porque Deus é assim. Ele, muitas vezes, vai nos interromper e vai nos pedir coisas que não esperamos, porque Ele precisa de nós para ajudar a muitas pessoas que cruzam pelo nosso caminho.
O maior inimigo da misericórdia, não é o ódio ou a crueldade… o maior inimigo da misericórdia é a vida ocupada demais.
Tempo é vida! Quando estamos parando e colocando nossa atenção em outra pessoa, estamos compartilhando nossa vida com ela.
Olhe o coração, não o comportamento das pessoas
Depois de escutar e parar, Jesus olha para as pessoas e olha além do comportamento, olha o coração das pessoas, o sofrimento das pessoas. Jesus olha com o coração, não com os olhos. Não fica só nas aparências. E quando olha com o coração, dedica toda sua atenção à pessoa. Dedicar nossa atenção é dedicar nosso tempo e dedicar nosso tempo é dedicar nossa vida.
A vida não é aquilo que vamos fazer no futuro. A vida é aquilo que acontece quando estamos preocupados pelo futuro ou queixando-nos do passado. As duas maneiras mais inúteis de desperdiçar nosso tempo e nossa vida.
A maneira como Jesus olha as pessoas é muito diferente da maneira com que nós olhamos as pessoas. Quando Jesus olha as pessoas, as transforma. Quando nós as olhamos, as julgamos.
Pe. Rodrigo também recorda que no aplicativo de meditações Seedtime, ele tem uma série de meditações chamada “Os encontros de Jesus”. Quando Jesus encontra as pessoas, sua vida é transformada, elas mudam.
Faça o que estiver a seu alcance para ajudar
Quando Jesus ama, ele primeiro escuta, depois pára, depois ama e finalmente age, segundo a necessidade da pessoa, de forma concreta. Às vezes, escutamos Jesus perguntar às pessoas: “Que quer que eu faça por ti?” Ele não assume que já sabe, Ele pergunta e ajuda.
“Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João 15, 13)
Jesus não se contentou com amar com palavras ou com boas intenções. Ele entregou sua vida e nos deu uma nova vida.
Tipos de pessoas que precisam de nosso amor
Quando encontrar pessoas que passam necessidades, ajude
Muitas vezes encontramos pessoas que precisam do mais elementar para suas necessidades. Pobreza extrema, pobreza que não pode esperar. Nesses casos não podemos passar indiferentes e temos que ajudar.
“Porque tive fome, e me destes de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes. Quando necessitei de roupas, vós me vestistes; estive enfermo, e vós me cuidastes; estive preso, e fostes visitar-me”
(Mateus 25, 35)
Quando encontrar pessoas sozinhas, torne-se um amigo
Hoje temos tantas pessoas sozinhas: pessoas divorciadas, pessoas abandonadas, imigrantes, exilados, desadaptados e todas elas encontram um lugar na Igreja. A Igreja é o lugar que Jesus criou para receber essas pessoas, para que nos tornemos amigos delas, para que possamos ajudá-las.
Quando encontrar pessoas em luto, fique próximo e esteja disponível
Quando alguém perde uma pessoa querida, muito próxima, as pessoas se sentem especialmente perdidas e confundidas, desanimadas e tristes. Nós temos que estar perto e disponível para essas pessoas. Especialmente quando já passou o primeiro momento e a vida retorna ao normal.
Mesmo que não saibamos o que dizer às pessoas que estão em luto, basta que estejamos próximos e disponíveis. Não é preciso dizer nada.
Quando encontre pessoas fracassadas, ajude-as a recomeçar
A vida é assim. Às vezes, encontramos pessoas que sofrem grandes derrotas na vida, perderam tudo com uma falência, ficaram sem trabalho, fizeram uma grande aposta e perderam. São pessoas que precisam de uma segunda chance.
São Paulo falando aos coríntios de uma pessoa que tinha cometido erro grave, diz:
“Deveis perdoar e encorajá-lo, para que não seja dominado por amargura excessiva.”
(2 Coríntios 2, 7)
Quando passamos por humilhações e derrotas grandes, o que precisamos é pessoas que nos animem e nos deem uma segunda oportunidade, não que todo mundo finja que não nos conhece.
Quando encontrar pessoas rudes, mostre bondade
“Sede misericordiosos e humildes, não retribuindo mal com mal, tampouco ofensa com ofensa; ao contrário, abençoai; porquanto, foi justamente para esse propósito que fostes convocados”
(1 Pedro 3, 8)
Isto é difícil, mas nisto consiste amar o próximo como Jesus amou. Amar inclusive as pessoas que estão bravas conosco.
Por fim, o Pe. Rodrigo nos lembra que amar não é algo fácil, mas é a mais importante lição que temos que aprender em nossa vida e nos recorda a recompensa que Deus nos dará se aprendemos a amar:
“Deus não é injusto para se esquecer do vosso trabalho e do amor que revelastes para com o seu Nome, pois servistes os santos, e ainda os servis.”
(Hebreus 6, 10)
Assista a transmissão da Santa Missa celebrada pelo Pe. Rodrigo Hurtado LC na capela do Instituto Católico de Liderança, no link abaixo. Inscreva-se no canal do YouTube, deixei seu like no vídeo e compartilhe com seus amigos.