Nesta quinta-feira, Adriano Dutra recebe em nosso podcast Café com Fé, a consagrada do Regnum Christi, Mônica de Mattos e eles conversam sobre a necessidade das pessoas viverem para amar a Deus, especialmente através das outras pessoas, cultivando uma profunda solicitude por cada pessoa humana.

«O primeiro e mais fundamental amor do homem deve ser o amor a Deus», inicia Mônica. «Mas o amor a Deus se torna concreto e real no amor ao próximo», explica.

Mônica recorda a primeira carta de S. João em que o apóstolo comenta que quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, que não vê. O rosto de Deus está estampado no rosto do ser humano, pois Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Portanto, como pode soar muito genérico falar de amor à humanidade, é preciso concretizar essa expressão um pouco mais e identificar quem é a humanidade. 

Ela explica que a primeira humanidade e quem tocamos são as pessoas com quem nós moramos, quem está sob o mesmo teto em que nós vivemos. E uma coisa que precisamos perguntar é se realmente conhecemos as pessoas que moram conosco. Essa humanidade que tocamos tem nome e rosto? Como estamos tão centrados em nós mesmos, às vezes, acabamos nos esquecendo dessa humanidade que está no quarto ao lado.

A outra humanidade que existe bem perto de nós, ensina Mônica, são nossos vizinhos. Essas pessoas que moram próximas a nós e que, talvez, nem saibamos o nome. Às vezes, nossos vizinhos mais próximos estão vivendo situações dramáticas em suas vidas e nós não tomamos conhecimento disso. 

Ampliando ainda mais um pouco, Mônica nos leva a pensar não só nas pessoas de nossa casa ou em nossos vizinhos mais próximos, mas também nas demais pessoas com quem convivemos todos os dias no trabalho, no estágio, na Universidade… são pessoas que você vê todo os dias, como por exemplo, as pessoas que nos atendem nos comércios.

Partindo dessas realidades bem próximas, Mônica também nos conduz a elevar o olhar para realidades ainda maiores, como nossa cidade, nosso país e, por fim, o mundo em que vivemos. Será que nós estamos cientes das coisas que acontecem às pessoas em nosso mundo? Quem está sofrendo com a guerra na Ucrânia, por exemplo, são seres humanos, são da humanidade à qual eu pertenço. É nosso irmão, é nossa irmã que está sofrendo com a guerra.

Para isso, temos que cultivar em nosso coração uma atitude solidária. «Eu amo a humanidade, portanto não sou indiferente ao que está acontecendo com ela», reforça. 

Como amar a humanidade?

Para deixar a indiferença pelo próximo temos que ter como referência ao próprio Jesus, explica Mônica. Como Jesus se colocaria diante de uma situação concreta? E quando olhamos no Evangelho, nos surpreendemos com a atitude de Jesus, que se coloca na posição do Bom Pastor quando olha para a multidão perdida. Cristo tem uma atitude sempre solidária. Tendo as atitudes de Jesus como referência faz com que olhemos as notícias do que acontece no mundo hoje com um olhar mais sensível. Não podemos viver com a frieza de olhar para as situações que nos rodeiam e pensar que não temos nenhuma responsabilidade.

Infelizmente, a tendência do ser humano, por causa da ferida do pecado original é o egoísmo, «estamos sempre com o ponto de referência no próprio umbigo», reforça Mônica. Por isso, temos que trabalhar nossa capacidade de sermos magnânimos, solidários, bondosos. 

Os jovens e seus desejos

No momento em que nós nos fazemos uma pessoa pública, todos os meios de comunicação são meios para um fim. As redes sociais devem ser um serviço para uma mensagem positiva, para algo bom. Eu não posso usar as redes sociais para me promover e por isso devemos nos perguntar sobre qual a mensagem que eu quero transmitir. Se não tivermos algo bom para transmitir, não devemos postar.

Nós usamos os meios de comunicação como um fim em si mesmo e não usamos para o fim que eles devem ter que é o amor à humanidade. É deixar uma marca.

Um jovem, quando escolhe uma profissão, uma faculdade, um curso, não pode pensar no bem que vai tirar dessa faculdade para si próprio, como sucesso financeiro ou pessoal. Esse não pode ser o foco de um cristão, de uma pessoa que segue à Cristo. O foco deveria ser a opção pela humanidade, a opção pelos seres humanos. Deus nos criou porque Ele tem uma missão para nós. Temos um porquê estar aqui. Isso faz com que nossa vida tenha muito mais sentido. 

«O jovem tem sede de verdade, tem sede amor e tem sede de vida», nos conta Mônica. E isso acontece tanto com os jovens que estão mais próximos de Deus como aqueles que estão mais afastados. Contudo, aqueles que estão mais afastados manifestam isso de outra forma. Essa é a própria sede do ser humano. Por isso, a primeira coisa que devemos ter é um olhar de esperança para com o jovem e não de que tudo está perdido.

Um jovem, quando fica nas redes sociais o tempo todo, está, de alguma forma, buscando a verdade. Ele está buscando a vida, está buscando a alegria… é isso que ele quer e o papel dos pais e dos formadores é justamente oferecer isso que ele está buscando. Mas, a pergunta que surge daí é “como” fazer isso.

Mônica explica que não se deve fazer isso dando palestras ou dando sermões, não é fazendo comparativos com o passado – “na minha época…” –. Mas isso deve ser feito através da própria vida. Nós devemos começar a amar, devemos começar a ser pessoas da verdade, uma pessoa que fala bem dos outros, que distribui amor, que é capaz de renunciar aos próprios prazeres, aos próprios apegos.

Para finalizar, Mônica faz um convite a que nos coloquemos em uma atitude humilde diante de Jesus e de Maria e «pedir para eles que transformem o nosso coração endurecido em um coração de carne, um coração que ama». Ela recorda que, quando dizemos “Jesus, manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso” é exatamente isso que estamos pedindo, que nós tenhamos um coração capaz de amar a todos os homens que estão precisando de nosso amor.

Mas isso não é algo que podemos conquistar com propósitos, mas é um dom que temos que suplicar ao coração de Cristo, que transforme nosso coração que muitas vezes é duro, enrijecido.

Confira a entrevista completa com Mônica de Mattos em nosso canal do YouTube no link abaixo. Mônica também é uma das autoras de meditação no aplicativo Seedtime. Ouça agora mesmo a série de meditações que ela preparou para o último tempo do Advento e do Natal, em que ela nos ajuda a caminhar com Maria naquele tempo especial no link: https://seedtime.app/serie/oracoes-do-advento-com-maria