Benignidade é um fruto do Espírito Santo e diferencia-se da bondade. Ser benigno é não somente ter atitudes de bondade, mas promover o que é bom. De modo concreto, é colocar em prática o amor e a misericórdia ensinadas por Cristo. Muitas vezes lidamos com situações em que a benignidade precisa ser praticada. Porém, estamos falando de uma graça que alcança nossas vidas a partir da espiritualidade. 

Os frutos do Espírito Santo são sinais de uma vida interior fecunda. A vivência espiritual da pessoa é tão coerente e perseverante que suas ações começam a acontecer repletas da Graça de Deus, transbordam a presença do Senhor. São Paulo, na carta aos Gálatas, diz: “deixai-vos conduzir pelo Espírito” (Gl 5,18), e a partir daí fala sobre as obras da carne em contraponto aos frutos do Espírito Santo. 

Vamos entender melhor o que é o fruto da benignidade.

Promover o que é bom em meio aos homens

Dentre os frutos citados pelo apóstolo São Paulo, a benignidade aparece como um termo pouco conhecido pela grande maioria. Quando se fala em algo benigno, pode ser que  automaticamente associemos ao resultado positivo de uma biópsia. Porém, a benignidade que tratamos aqui é bem diferente disso. São Tomás de Aquino, em sua Suma Teológica, diz que “chamam-se benignos aqueles que a bondade ígnea – ou seja, inflamada – do amor faz arder no beneficiar ao próximo”. Ou seja, ser benigno é agir com a alegria de um coração inflamado de amor por fazer o bem. 

Quando nos alegramos em poder sair de nós mesmos para ajudar o próximo, acolher com misericórdia, servir os necessitados, estou transbordando o fruto da benignidade. 

São Tomás ainda ressalta que ser benigno cura os grandes males dos relacionamentos: animosidades, iras, inimizades. Pois, a partir do momento em que me alegro em ser bom, sem esperar nada em troca, quando faço por um impulso interior – sinal de que é um fruto do Espírito – minha vida se torna uma bênção para os meus irmãos. 

Como alcançar a benignidade

Assim como para alcançar qualquer outro fruto do Espírito Santo, é preciso seguir a instrução que São  Paulo deixou em sua carta aos Gálatas: crucificar as obras da carne, ou seja, renuncia-las, para viver no Espírito. As obras que precisamos renunciar são: “fornicação, impureza, liber­tinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5, 19-21).

Esse caminho não é fácil, exige decisão, perseverança, renúncia das próprias vontades, autoconhecimento e um vivência perseverante da oração – sem ela não alcançaremos jamais os frutos do Espírito Santo. 

A graça da benignidade deve transbordar no cotidiano da vida, favorecendo todas as vocações e estados de vida. De forma especial, as relações familiares passam por um amadurecimento profundo quando a benignidade é vivida de modo concreto e autêntico.