As consequências da Ressurreição
Nesse Domingo de Páscoa, Pe. Rodrigo Hurtado, LC, contempla em sua homilia as quatro consequências da ressurreição de Cristo e medita sobre as provas que confirmam esse acontecimento que transformou a vida dos apóstolos há 2 mil anos e continua a transformar a vida de todos os cristãos pelo mundo.
Pe. Rodrigo revela que «é um desafio falar da ressurreição», pois, «a ressurreição é tudo». «São Paulo já falava que ‘se Cristo não ressuscitou, vã é nossa fé’, e ainda agrega, ‘nós seríamos os mais desgraçados de todos os seres humanos’».
Alguns séculos depois, S. Angostinho acrescenta que ‘a fé dos cristãos consiste na ressureição de Cristo’. «A ressurreição de Cristo é o evento singular mais importante de toda história da humanidade», reflete Pe. Rodrigo.
«Não existe uma terceira via entre tudo ou nada. Ou Jesus é Deus ou Ele é um mentiroso, um farsante e o cristianismo seria a maior piada de mal gosto da história», ensina. Jesus não foi o primeiro a se declarar Deus na história, mas o caso de Cristo é muito mais essencial, porque Ele provou a sua ressurreição».
«Portanto, se Cristo ressuscitou, por que a ressurreição de Cristo é tão importante?», pergunta Pe. Rodrigo. «Por quatro motivos».
1. A visão de mundo se expande até o infinito.
Quando se fala com pessoas que não têm fé, elas dizem preferir acreditar naquilo que veem, ‘eu prefiro o mundo real’, dizem. Aquele mundo da experiência imediata. «Foi exatamente isso que mudou com a ressureição de Cristo», revela o padre. «Agora Deus está ampliando nossa visão de mundo até o infinito. Essa nova realidade que surge com Cristo ressuscitado é a verdadeira realidade».
«São Paulo diz, na sua carta aos Romanos, que Esta vida é como a noite e morrer é acordar», relembra.
Um dos grandes ateus do século XX, Jean Paul Sartre, dizia que a vida é um absurdo, ela não tem sentido nenhum. “Nascemos por casualidade, vivemos por inércia e morremos de nojo”, dizia. «Eu acho que Sartre tinha razão se você não crê que existe algo além dessa vida», diz Hurtado. «A opção para quem não reconhece a ressurreição de Cristo é viver com o maior cinismo possível, mas é justamente isso que mudou com a ressurreição de Cristo».
Nos atos dos apóstolos (10, 40), Pedro afirma que eles viram Jesus, que eles se sentaram à mesa com Cristo e comeram com Ele. «É interessante pensar nisso, a ressurreição não é um realidade lá pelas nuvens. A outra vida que Jesus conquistou absorve esta vida, ou seja, tudo o que temos, seguiremos tendo lá, inclusive um corpo, que Paulo chama de corpo espiritual», esclarece o Pe. Rodrigo.
A ressurreição absorve a vida humana e a transfigura. Por isso Jesus levava o sinal dos cravos, ele não era um fantasma. «A ressurreição é nossa vida elevada à enésima potência», reflete o Pe. Rodrigo em sua homilia.
A ressurreição de Cristo muda nosso jeito de enxergar essa vida. A vida verdadeira é a outra. Jesus não apenas voltou à vida, mas a transfigurou. «É muito mais do que uma mera ressuscitação, como alguém que volta de um coma», raciocina o Pe. Rodrigo. «Não se trata disso. Trata-se de uma vida muito superior a essa que vivemos».
A primeira prova da ressurreição de Jesus é o túmulo vazio, que a Igreja venera até hoje em Jerusalém. Essa tumba é importante porque temos muitas testemunhas que viram o corpo de Jesus ser colocado no túmulo e Seus inimigos até colocaram guardas à porta. «O túmulo é um testemunho silencioso, pois o túmulo vazio mostra como Jesus desapareceu».
Essa é uma prova negativa, mas também temos o testemunho dos Apóstolos que antes da ressurreição estavam entristecidos, desanimados, desiludidos, sentindo-se fracassados, derrotados, com medo das autoridades judaicas. «Não sabemos como, mas no dia 9 de abril do ano 30 da nossa era, algo aconteceu pela manhã e eles se transformam, abrem as portas, saem a pregar a Cristo, enfrentam até o Império Romano», reforça Pe. Rodrigo.
Algumas pessoas pensam que isso pode ser algum tipo de alucinação dos apóstolos, mas Pedro (2 Pe 1, 16) escreve que eles não seguem fábulas engenhosamente inventadas, um mito. Os mitos, no fundo, deixam uma mensagem, mas nunca dão detalhes, nunca acontece com fatos concretos. «Sempre há um “era uma vez” ou “numa galáxia muito muito distante”». «Com Cristo isso não aconteceu, foi em 9 de abril do ano 30. Algo aconteceu naquela manhã que mudou completamente o comportamento dos discípulos».
No livro dos Atos dos Apóstolos está descrito que “Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas incontestáveis da sua ressurreição”. «São Paulo faz aos Coríntios, inclusive, uma lista de testemunhas. Primeiro Pedro, depois os doze e, depois, mais de 500 irmãos».
Pe. Rodrigo nos pede para imaginar que enterramos uma pessoa e três dias depois, encontramos com ela na rua. «E, você conversa, entra num café e toma café com ele, e não só você, mas um monte de gente vê, cumprimenta… Isso é a força do testemunho dos apóstolos. Por isso dizemos no Creio que a Igreja é una, santa, católica e apostólica».
«Nós somos herdeiros desse testemunho e seguimos transmitindo hoje. Essa visão tem que abrir-se diante de nós. O mundo é muito mais do que podemos tocar, enxergar. O horizonte do mundo é muito mais infinito».
2. O amor tem a última palavra.
«Esta é uma grande verdade da ressurreição», continua Pe. Rodrigo. «Jesus foi crucificado numa cruz, sinal do poder e da tirania de Roma. A cruz é o símbolo da ditadura do imperador romano». Mas, quando Ele ressuscitou, não voltou para condenar quem o havia condenado, mas vem com a força do amor. «Absorve a fraqueza dos seres humanos e nos estende a mão para nos ajudar»
O sacerdote também recordou que quando João Paulo II foi eleito Papa, logo foi à Polônia governada por um ditador comunista, onde o povo vivia com medo, sob um regime de terror. «Quando ele celebrou a Missa em Varsóvia o que se via era uma imensa cruz, testemunho silencioso do amor de Cristo».
«A Cruz já não é o símbolo da crueldade, mas é o símbolo do amor. Essa é a mensagem poderosa. A última palavra já não tem a injustiça, o mal, mas quem tem a última palavra é o amor. Claro que cabe a nós aceitar essa palavra».
Não importa o que você passou, pois a ultima palavra é do amor.
3. A esperança de Deus não defrauda.
«Falamos da fé, falamos do amor e agora falamos da esperança. Não importa o que tenha acontecido, você sabe que Deus não vai deixar você», medita o Pe. Rodrigo. Deus não abandonou Jesus na cruz, mas atendeu sua oração no terceiro dia, ressuscitando-o.
Segundo o padre, essa é a força da ressurreição. «A ultima palavra é de Deus e, portanto, nossa esperança não será defraudada, não importa que situação você tenha que enfrentar, coloque sua esperança em Deus e confie que Ele não vai defraudar você».
Quando Jesus faleceu na cruz, tinha 120 seguidores. Hoje, 2 mil anos depois, são 2,3 bilhões de pessoas que acreditam em Cristo. Isso aconteceu por causa da esperança que emana da ressurreição e conquistou o mundo.
Na Carta aos Hebreus (5, 9), vemos que «Jesus morreu na cruz e agora é autor de eterna salvação para aqueles que o obedecem, para aqueles que acreditam nele». «Você confia nele, deposita sua esperança nele e Ele será sua salvação, vai perdoar seus pecados, transformar essa vida débil, fraca, limitada, em uma vida eterna, uma vida transfigurada», afirma Pe. Rodrigo.
4. Jesus nos deixou o seu Espírito.
A quarta consequência da ressurreição é que nós temos o Espírito de Cristo ressuscitado (Atos 1, 8). Jesus nos prometeu que receberíamos o Espírito Santo. «Esse Espírito Santo que os apóstolos receberam e se sentiam fortes e seguros para enfrentar o Império Romano, que era o maior e mais poderoso que existia».
Ao comentar essa passagem dos Atos dos Apóstolos, Pe. Rodrigo reflete que «Jesus disse que os Apóstolos seriam testemunhas em Jerusalém, depois na Judeia e Samaria e, logo, no mundo inteiro, como uma pedra que se joga na água e forma círculos concêntricos» que vão se espalhando.
Esse Espírito está também dentro de nós, como S. Paulo escreve aos Efésios (Ef 1, 19). Essa Incomparável grandeza e portentosa força é a experiencia de Paulo, que tem o Espírito Santo. «E, isso faz de seu ministério, de seu trabalho, que acredita em Deus, que coloca sua confiança nele, um ser indestrutível. Não indestrutível no sentido de que não vamos morrer. Cristo morreu e nos mostrou esse caminho. Mas, através da cruz vem a ressurreição e, se seguimos a Cristo na morte, também o seguiremos na ressurreição e experimentaremos essa grandeza incomparável, essa força portentosa».
Pe. Rodrigo continua sua homilia dizendo que «aqui nesse mundo, o poder de Cristo e o poder do Espírito Santo pode transformar tudo. Se você acha que seu coração já está perdido, sente-se desanimado, acha que está em depressão… Ele pode ressuscitar também seu coração. Você acha que seu matrimonio está acabado… Ele pode ressuscitar o amor em seu matrimonio. Acha que sua carreira está acabada, já perdeu o trabalho, Ele pode ressuscitar sua carreira.
«O poder do Espírito Santo pode transformar toda sua vida, e esse poder – diz S. Paulo – está conosco».
Por fim, Pe. Rodrigo diz que «a ressurreição não é a apensas uma ideia piedosa, uma lembrança de 2 mil anos atrás, mas é algo atual». «O mesmo Espírito que levou os Apóstolos a enfrentar o mundo inteiro e a levar a mensagem primeiro por Jerusalém, depois pela Judeia, Samaria e até os confins do mundo é o Espírito que está conosco e que podemos contar com Ele».
«Cristão é, portanto, aquele a quem Deus confiou o mundo inteiro. É aquele cuja visão do mundo não acaba com essa vida, mas vai além dela, ele enxerga até a eternidade. Cristão é aquele que tem sua confiança colocada em Deus. É aquele que ama e sabe responder sempre com amor, porque ele acredita na ressurreição de Cristo e acredita no Espírito Santo que nos foi dado nessa ressurreição».
«O maior poder que existe é o poder de Cristo ressuscitado», enfatiza o Pe. Rodrigo.
«Que a ressurreição de Cristo não seja somente uma ideia, mas seja uma realidade em nossa vida. Que nossa visão não siga estreita, que acreditemos que, se podemos sofrer com Cristo, podemos reinar também com Ele. E o poder de Espírito Santo vai realizar realmente em nós coisas portentosas, grandezas incomparáveis», encerra o sacerdote.
* Pe Rodrigo Hurtado, LC celebra a Missa todo domingo em seu canal de YouTube. Inscreva-se, ative as notificações, deixe seu like e compartilhe.
Redação do Instituto Católico de Liderança