No Café com Fé dessa semana, Adriano Dutra recebeu o médico urologista, Gustavo Messi, e conversaram sobre os Milagres Eucarísticos mais famosos e sua importância para a fé.

Gustavo Messi afirma que seu interesse sobre o tema surgiu da curiosidade que ele tem pelo conhecimento, que o fez, em um determinando momento de sua vida, debruçar-se sobre o estudo dos Sacramentos da Igreja católica.

«Chegamos a Cristo por um testemunho de um amigo, por uma homilia de um pregador ou por um sofrimento, mas isso é a porta de entrada», reconhece Messi. «A Igreja é o Espírito Santo em ação e daí eu descobri os Sacramentos».

Messi, que trabalha na Unidade de Transplante Renal do Hospital das Clínicas, explica que «a fé e a razão apontam para um mesmo lugar, basta ter um olhar mais isento».

Segundo Messi, «Há locais que falam em mais de 130 milagres. Há milagres lá no primeiro século e mais recentes». Há, até mesmo, uma exposição online e um mapa dos milagres eucarísticos que foram reunidos pelo recém Beato Carlo Acutis, que pode ser encontrado no site miracolieucaristici.org 

Antes de falar propriamente dos milagres, Gustavo Messi faz uma introdução, relembrando as normas da Igreja sobre os Sacramentos, especialmente quando a Igreja diz que o Sacramento é um «sinal eficaz e não só uma encenação ou evento público».

«A pessoa que está ministrando, quando ela fez o mínimo que a Igreja pede, há uma ação eficaz do Espírito Santo», relembra Gustavo.

«No caso da Eucaristia, em específico, há todo um ensinamento de Cristo sobre ela», diz Messi. «O discurso de Jesus no capítulo 6 do evangelho de João é marcante e foi tão chocante para os judeus naquele momento, que muitos discípulos se retiraram. Isso aconteceu lá e acontece ainda hoje, quando vemos os grandes cismas e heresias que acontecem». 

Gustavo, citando o documento Mysterium Fidei, do Papa Paulo VI, que reforça todo o ensinamento da Igreja sobre a doutrina eucarística, explica o conceito da Transubstanciação, que é o termo criado pela Igreja para explicar o que acontece no Sacramento da Eucaristia.

«O ente tem uma característica, que é a Substância, que é tudo o que é necessário para aquele ser existir no tempo», ensina Gustavo. «E, o Acidente, que ocorre sobre a Substância, que é aquilo que muda com a circunstância, no tempo».

O médico explica que a ciência só tem acesso ao acidente. Quando olhamos para uma pessoa e a descrevemos, são descrições que mudam com o tempo, como cor do cabelo ou a roupa que usa, isto é, são descrições dos acidentes e não da substância da pessoa, seus aspectos metafísicos.

Transubstanciação.

Gustavo explica que, «para se haver uma mudança substancial, há que se destruir o acidente». «A transubstanciação é algo extraordinário! A substancia pão, com acidentes de pão, pela ação de um sacerdote ordenado, quando ele impõem as mãos sobre essas espécies, sem mudar nenhum acidente, se transforma na substância Cristo, como Ele está ressuscitado há dois mil anos: corpo, sangue, alma e divindade».

«Se eu usar um microscópio de varredura, uma análise físico-química e analisar as duas coisas separada (a hóstia antes de ser consagrada e depois de ser consagrada), vai mudar alguma coisa? Não». Pois a mudança foi na substância e não no acidente, que aquilo que a ciência consegue estudar.

Gustavo reforça que «o maior milagre que existe desde a criação do homem, acontece na altura de qualquer paróquia. Qualquer sacordote pode fazer isso. Recebeu o poder de Cristo para fazer isso. Não é o homem que faz, mas é o próprio Cristo que, no ministério do sacerdote, faz acontecer aquilo que acontece na Missa».

«Entendendo isso, entendemos todo nosso comportamento diante da Hóstia consagrada», explica. «Por isso ajoelhamos diante de um tabernáculo, porque é Cristo que está ali. Naquele momento acontece o maior milagre».

Gustavo ainda esclarece que «rezar diante do tabernáculo é diferente do que rezar em casa, porque ali tem a presença real de Cristo na Eucaristia».

Milagres Eucarísticos

«Lá no século III começam a aparecer os primeiros milagres eucarísticos, mas há um que gosto muito que é na cidade de Liége, na Bélgica», revela Gustavo. 

Numa abadia agostiniana havia um movimento eucarístico que fazia obras de caridade, mas que desenvolvera coisas interessantes, como o sininho na Consagração, para identificar o momento do milagre. O ostensório também foi uma contribuição desse mosteiro e ali vivia uma órfã, que foi criada no mosteiro e depois se tornou monja. 

Santa Juliana tinha visões repetitivas da Lua com um buraco e discerniu sobre elas durante 20 anos, com auxilio de duas pessoas. O bispo de Liege, e um diácono, Jacques Pantaleón, que a ajudaram espiritualmente a discernir. Num determinado momento, o próprio Cristo disse a ela, em visão, que a Igreja precisava de uma festa para a Eucaristia. O buraco que faltava à Lua era essa festa que faltava à Igreja. Então, em Liege, surgiu uma festa para Eucaristia.

Tempos depois, em Bolsena, já na Itália, um sacerdote que, naquele momento, devia estar duvidando da presença real de Cristo na Eucaristia, ao elevar a hóstia, percebe que ela começa a sangrar. 

«Já havia acontecido o milagre maior, que é a transubstanciação, mas, então ocorre um milagre menor, o acidente do sangramento», diz Gustavo. Esse sangue manchou o corporal (tecido usado para cobrir o altar durante a consagração). 

O Papa da época, Urbano IV, que era o Diácono Jacques Pantaleón, que havia ajudado a monja Juliana, em Liége, pediu que aquele corporal manchado de sangue fosse levado até ele. O corporal veio em procissão até o Papa que, ao vê-lo, exclamou: – Corpus Christi! (Corpo de Cristo). Lembrando-se daquela visão de Santa Juliana, instituiu para toda a Igreja, a festa de Corpus Christi. Esse foi um milagre eucarístico.

Gustavo também confessa que aprecia muito o milagre ocorrido em Lanciano, na Itália. Durante o séc. XVI, quando surgia a heresia protestante, no momento em que o sacerdote eleva a Hóstia, após a Consagração, ela se tornou carne, e o vinho se tornou sangue. Em 1970, a Igreja chamou dois pesquisadores para estudar esse milagre e eles conseguiram até fazer a tipagem sanguínea, identificando o tipo AB positivo. «Em todos os milagres eucarísticos que se puderam fazer a tipagem sanguínea, o tipo sanguíneo é o mesmo», afirma Gustavo. 

«O estado de conservação também é impressionante, pois está exposto há 500 anos e não há decomposição. A presença de determinados elementos visto pela ciência é o que sugere que o milagre eucarístico de Lanciano indica que aquela hóstia tornada carne é um tecido vivo», relembra. 

Outro milagre mencionado por Gustavo é o ocorrido em Buenos Aires, em 1996, quando, ao terminar a Missa, uma ministra veio trazer ao sacerdote uma hóstia que havia sido descartada por alguém após a comunhão. Segundo a regra da Igreja, essa hóstia, já consagrada, deveria ser consumida pelo sacerdote ou colocada em um recipiente com água para que se desfizesse e, portanto, desfeito o acidente, também desafazendo-se a substância.

Dias depois, o sacerdote foi conferir a hóstia que havia sido colocada na água e guardada devidamente dentro do tabernáculo e reparou que ela estava manchada, como que por sangue. Imediatamente, ele comunicou ao Arcebispo de Buenos Aires que mandou fotografá-la e mantê-la ocultas no tabernáculo, até estudos posteriores.

Por alguns anos, a hóstia ficou oculta até que uma porção foi enviada para ser examinada em laboratórios, constatando-se que aquela amostra era tecido humano. Um renomado patologista forense, especialista em coração, Dr. Frederic Zugibe, constatou que era material de músculo cardíaco, do ventrículo esquerdo e continha sinais inflamatórios, sugerindo que a pessoa de quem se havia tirado aquela amostra tinha sido submetida a algum trauma ou passado por um sofrimento grande. O bispo que mandou analisar o milagre era ninguém menos que Jorge Mário Bergoglio, hoje Papa Francisco. 

Para Gustavo, «a essência do milagre é apontar para Deus. Por isso tenho certeza de que quem vê, ama mais a Eucaristia». «O objetivo do milagre é apontar para esse mesmo Cristo que andou pela Galiléia e que está ao alcance de todos nós pelas mãos de qualquer sacerdote». 

Gustavo ainda indica que «hoje estamos no deserto, pois estamos no meio de uma pandemia e o acesso corpóreo à Eucaristia é restrito e não podemos nos contentar com outra forma de contato».

Por fim, o médico faz um apelo «que é necessário, hoje em dia, que vem do fundo do meu coração, para não se perder a devida reverência aos sacramentos, à Eucaristia, e a imensa veneração às mãos dos sacerdotes, que operam um milagre que não existe na natureza».

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Redação do Instituto Católico de Liderança