O tema trazido pela liturgia deste último domingo é o matrimônio e o tema é introduzido pelos fariseus, justamente através da perspectiva do divórcio. No entanto, Jesus, ao ensinar o plano de Deus para o matrimônio, desde o início dos tempos, nos fala como é o amor que nos torna felizes e que dura para sempre.

É isso que o Pe. Rodrigo Hurtado, LC irá nos ensinar em sua homilia dedicada a refletir sobre a liturgia desse 27º Domingo do Tempo Comum, em que Jesus diz aos fariseus sobre o que realmente Deus quis ao nos criar homem e mulher.

Em primeiro lugar, é preciso compreender como era o divórcio para os judeus na época de Jesus, que era muito pior que atualmente. Entre os judeus estava permitido o “repúdio”, que é diferente e pior que o divórcio. 

O repúdio era o direito do homem de separar-se da mulher, mas não da mulher de separar-se do homem. E quando uma mulher era repudiada ficava profundamente marcada, era um estigma para ela.

Porém, entre os judeus, havia duas interpretações acerca do repúdio. Uns diziam que se podia repudiar a mulher por qualquer motivo, outros, contudo, diziam que era necessário um motivo grave, e é por isso que os fariseus interpelam Jesus, para que Ele assumisse alguma dessas interpretações. Porém a resposta que Nosso Senhor lhes dá vai completamente em outro sentido.

Primeiro, Jesus explica que Moisés admitiu o repúdio por causa da dureza do coração dos homens. Depois, ele nega o repúdio completamente, dizendo que o matrimônio é para toda a vida. E, por fim, ele afirma o plano de Deus, a natureza do matrimônio.

“No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!” (Marcos 10, 6)

O matrimônio é uma invenção de Deus

O matrimônio é uma invenção de Deus. Ele criou o matrimônio junto com a criação. Deus criou o homem e a mulher, não para que estivessem sozinhos, mas para compartilhar sua vida e formar uma união que seria tão profunda, que ninguém poderia romper. Ele usa a expressão “serão uma só carne”.

Hoje o matrimônio é banalizado, criticado, ridicularizado, denunciado, distorcido, desrespeitado, postergado. Muitos acham que o matrimônio cria mais problemas do que soluciona. 

Mas, cuidado! A carta aos Hebreus diz: 

“O casamento seja honrado por todos” (Hebreus 13, 4)

O matrimônio é um dom de Deus, por isso, se trata de algo muito sério e delicado. Não podemos mexer com o projeto de Deus sem experimentar consequências graves para nossa vida. O matrimônio é um projeto de Deus e deve ser honrado por todos.

Como é o amor que Jesus nos ensinou

1. Para Jesus, o amor é uma decisão

Amar de verdade não é fácil. Hoje se fala muito de amor, em músicas, filmes, novelas, seriados, etc., mas talvez nunca tenha sido tão mal compreendido o que significa de verdade amar.

Mas, então, qual é o amor que deve existir no matrimônio, segundo os planos de Deus?

O amor, portanto, para ser verdadeiro, deve ter 4 características:

  • O amor deve ser desinteressado. Isto é, não deve ter segundas intenções. Uma pessoa deve amar a outra por quem ela é, pela pessoa, e isso é mais profundo do que parece, pois, a beleza um dia se acaba. 
  • O amor deve ser concreto. Deve ser um amor que se realiza através de obras e ações, não só palavras ou sentimentos. Paixão não é amor. O amor exige sacrifício e nos custa.
  • O amor tem que ser desprendido. Isto é, o amor não quer controlar, não quer possuir. Há pessoas que não amam, mas têm uma necessidade de controlar a vida de outras pessoas. O amor deixa a outra pessoa ser como ela é.
  • O amor tem que ser livre. Não pode surgir de uma carência emocional ou afetiva. 

2. Para Jesus, o amor é uma construção

Nós sempre ouvimos nas histórias de infância que, após o príncipe salvar a princesa, eles se casavam e eram felizes para sempre. Porém, nós sabemos que o casamento não é um ponto de chegada, mas é justamente um ponto de partida.

O casamento é exatamente o momento em que os noivos se juntam e prometem um ao outro construir esse ideal que se chama matrimônio, que se chama família, que é a plena maturidade de cada um dos cônjuges.

As pessoas não se casam só por amor, mas elas se casam para amar. Para aprender a amar todos os dias. No dia do casamento, os noivos não chegam ao matrimônio, mas partem para essa jornada que é o matrimônio.

Todos os dias é necessário lutar por esse dom de Deus que é o matrimônio, que Ele mesmo colocou no coração dos cônjuges. O amor se alimenta da admiração, que nasce da vivência das virtudes.

Quando um dos cônjuges vive na busca das virtudes, isso gera admiração no outro.

3. Jesus se compromete a estar sempre conosco

Nosso Senhor sabe que somos limitados, que essa caminhada do matrimônio não é fácil e, por isso, Ele se compromete a estar com cada um dos esposos em toda a caminha. 

Esse é justamente um dos efeitos do sacramento do matrimônio. Não somente um compromisso sacramental, mas, no matrimônio, se busca também a bênção de Deus.

Efetivamente, Deus se compromete a abençoar o casal e a dar-lhe a graça que precisa para lutar contra todos os inimigos do matrimônio e buscar levar ao céu toda a família.

Isso é um grande mistério, mas o amor vem de Deus:

“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele”. (I João 4, 16)

Portanto, se os esposos querem se amar, precisam estar perto de Deus, pois Ele é a fonte do amor verdadeiro.


Assista à homilia do Pe. Rodrigo Hurtado LC, na íntegra, através de seu canal de YouTube, ou tenha acesso a um conteúdo de Estudo Bíblico da liturgia dominical do ano todo com o curso Conhecer e Viver a Bíblia, que está em nossa loja aqui no site.