No evangelho deste 11º domingo do tempo comum, a liturgia nos apresenta Jesus comparando o Reino dos Céus com uma semente, com essa parábola, podemos identificar algumas leis que estão presentes na grande missão do cristão.

Jesus, quando falava do Reino de Deus, não se utilizava de exemplos de coisas rápidas, imediatas. Mas, Jesus usava imagens da natureza e assim como na natureza existem algumas leis, também no mundo espiritual existem algumas leis, e a característica dessas leis é que elas se cumprem sempre.

Por exemplo, se nós dizemos que não acreditamos na lei da gravidade e subimos ao décimo andar de um prédio na tentativa de sair daí voando, certamente o final será trágico, porque a lei da gravidade sempre se cumpre.

Jesus também nos mostra, neste evangelho, que o reino espiritual é regido por algumas leis, e a primeira comparação que Ele faz com o mundo natural é que o Reino de Deus é semelhante a uma semente.

O Reino de Deus é como uma semente

Na natureza, tudo começa com uma semente e a semente é uma invenção de Deus. É uma invenção maravilhosa, porque se olharmos para uma grande árvore, frondosa, tudo que essa árvore possui de beleza e complexidade, já estava contido na sua semente.

Na vida espiritual também é assim. Tudo começa com uma semente, de maneira simples.

Em segundo lugar, outra coisa que aprendemos com essas parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus é que se queremos que algo dê fruto em nossa vida, precisamos, obviamente, semear.

Se quero desenvolver, por exemplo, uma virtude, eu preciso começar com práticas simples, mas eu preciso começar.

Uma terceira lei da vida espiritual é que, tudo aquilo que semeamos é o que colheremos. Eu não posso semear limões e, depois, querer colher melancias e, na vida espiritual, não é diferente. Se queremos ter paz no coração, temos que semear a paz. 

Há também uma quarta lei da vida espiritual que é a seguinte: se você quer que a semente se desenvolva e dê frutos, é preciso trabalhar. É preciso fazer um esforço. Ainda que o agricultor não saiba como a semente cresce, ele precisa estar trabalhando.

Por fim, uma outra lei que temos que aprender é que é preciso esperar o tempo da colheita. Nada cresce instantaneamente. Há um tempo para cada coisa.

O crescimento possui etapas

Também nesta parábola, podemos perceber que o crescimento possui etapas e momentos. 

“A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga”. (Mc 4, 28)

Inclusive, muitos santos escreveram sobre as etapas do crescimento na vida espiritual, como Santa Teresa, com suas “Moradas”, ou S. João da Cruz, com a “Subida ao Monte Carmelo”. 

Não posso pretender crescer na vida espiritual se eu não respeitar essas etapas, essas leis da vida espiritual.

O Reino de Deus é como a semente de mostarda

Depois, Jesus apresenta uma segunda parábola, que é a parábola do grão de mostarda. Se a primeira parábola se refere ao crescimento da vida espiritual, essa segunda parábola se refere mais à Igreja.

Jesus já previa que a semente da Igreja cresceria e oferecia refúgio para muitos pássaros, que somos nós. E por mais que as outras religiões ou mesmo o mundo materialista critiquem o crescimento da Igreja, ela precisa continuar crescendo e é aí que se encontra a grande missão do cristão.

“Ide ao mundo inteiro e fazei discípulos de todas as nações” (Mt. 28, 19)

Jesus nos deixou a salvação e a chave para entrar no Reino dos Céus e esse tesouro não pode ficar escondido só para nós. Todo católico é chamado a ser uma pessoa que transmite, com seu testemunho, essa mensagem para o mundo inteiro.

E nós não devemos fazer isso para que a Igreja cresça mais que as outras religiões, mas é para a salvação das pessoas. Fazemos isso para que todos sejam salvos, através de Cristo.

Portanto, Deus conta conosco. Ele está esperando que nós, que já recebemos a sua Boa Nova de salvação, sejamos transmissores dessa notícia para a salvação de quem está próximo a nós.

Porém, para o crescimento da Igreja, não estamos sozinhos. Jesus se compromete com isto em primeira pessoa.

“Eu te digo, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. ” (Mateus 16, 18)

Jesus diz que, sobre Pedro, Ele mesmo irá edificar a Igreja. Ele não pede para Pedro edificá-la, mas ele conta com Pedro. Portanto, não podemos ter medo de evangelizar, pois é o próprio Jesus quem edifica a Igreja. A nós, cabe apresentar às pessoas ao nosso redor esse maravilhoso tesouro.

Nós só temos que lançar a semente. O mundo está mais disposto a ouvir a palavra de Jesus do que nós, cristãos, a pregá-la. Portanto, não podemos ter medo e nem nos acomodar.


Assista à homilia do Pe. Rodrigo Hurtado LC, na íntegra, através de seu canal de YouTube, ou tenha acesso a um conteúdo de Estudo Bíblico da liturgia dominical do ano todo com o curso Conhecer e Viver a Bíblia, que está em nossa loja aqui no site.