Uma das crises vividas na sociedade atual está relacionada à busca da felicidade. Em vista de alcançá-la, várias pessoas se iludem com aquilo que o mundo prega ser a felicidade. Não conseguindo alcançar tais expectativas, acabam sentindo-se infelizes. Na maioria das vezes essas pessoas se esquecem de que ao longo do caminho há a necessidade de adaptar-se às mudanças, às circunstâncias que a vida nos apresenta, pois estamos todos suscetíveis a imprevistos no decorrer da caminhada. Por isso, convidamos você a trilhar esse caminho com maturidade e alegria tomando algumas decisões. Acompanhe!

Em primeiro lugar coloque a oração

O cristão que busca a felicidade deve compreender muito bem que ela é encontrada à medida em que nos colocamos diante de Jesus através da oração. Ter a Deus como a primazia de sua vida é o essencial na busca por ser feliz. E, para rezar, é importante, também, que deixemos de lado todas as preocupações e pendências que trazemos em nosso interior para nos concentrarmos, unicamente, no momento do encontro com Deus.

São João Paulo II nos dá um grande exemplo  sobre a necessária atitude de colocarmos a oração em primeiro plano. Contam que, certo dia, o Monsenhor Stanislaw, seu secretário, procurou o Papa no escritório, no quarto, no refeitório e não o encontrando foi procurá-lo na capela. Chegando lá, o viu rezando em silêncio. Aproximou-se dele e disse em voz baixa: Santo Padre, tenho um assunto urgente que precisa atender. O Papa olhou para ele e respondeu: é realmente urgente e importante? O secretário afirmou: sim, Santo Padre. E o Papa apenas comentou, se o assunto é urgente e importante, então temos que seguir rezando. E voltou a se concentrar na sua oração. 

A atitude do Papa nos revela o tipo de atitude que os cristãos de hoje devem ter diante da correria do mundo em busca pela felicidade. Antes de tudo, rezar. E diante de qualquer preocupação que a vida nos causar, colocarmo-nos em oração é a melhor escolha que podemos fazer. Tenha a oração como o lugar de se deixar ser cuidado pelo Senhor e tenha certeza de que Ele cuida das suas coisas.

Adaptar-se às mudanças

Outro ponto muito importante ao cristão está relacionado às mudanças que ocorrem em sua vida a partir do encontro com Deus e dos acontecimentos. Ambos têm um enorme potencial de provocar transformações, porém requer do fiel a capacidade de adaptar-se às mudanças provocadas. As mudanças ocasionadas pelo encontro com Deus gera vida, paz, alegria, esperança e etc; as que são frutos dos acontecimentos do dia a dia devem gerar maturidade, ao menos é o que se espera.

A capacidade de adaptação às mudanças nos atestam a forma como lidamos com a nossa vida e o quanto nos agitamos ou perdemos o controle diante dos acontecimentos.  São Paulo nos ensina que o segredo da felicidade é adaptar-se a todo tipo de circunstâncias, ou seja, às mudanças. “Sei viver na penúria, e sei também viver na abundância. Estou acostumado a todas as vicissitudes: a ter fartura e a passar fome, a ter abundância e a padecer necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Fil 4,12-13).

A felicidade para São Paulo não estava em ter muitas coisas, como o mundo divulga ser, mas em ter a certeza de que em Deus ele era fortalecido e que, independentemente das circunstâncias que a vida lhe causara, ele podia ser feliz. Esse é um dos segredos da vida plena: não alicerçarmos nossa felicidade e nossa paz interior nas coisas materiais, nas posses, nos prazeres, nos benefícios, na popularidade, no prestígio ou nas pessoas que amamos, porque tudo isso muda, tudo isso passa. 

Ser mais flexível: não sentir-se vítima das circunstâncias

Mais uma vez o apóstolo nos dá outro grande ensinamento: o de não se comparar aos outros e achar que tiveram melhor sorte do que nós. Ele soube se adaptar às condições que estava sofrendo com grande liberdade, foi flexível e soube contentar-se com o que tinha (cf. Fil 4,11). Também nós devemos ser flexíveis diante das circunstâncias que a vida nos faz viver. Devemos entender, assim como Paulo entendeu, que não importa o que aconteça, podemos escolher não nos tornarmos vítima das circunstâncias e, adaptando-se a elas, enfrentarmos os desafios com coragem e confiança.

Tomar a decisão de não se sentir vítima é tomar o controle da nossa vida e não deixar que as circunstâncias ou outras pessoas a controlem como se nós estivéssemos a mercê delas, como se fossemos apenas folhas secas levadas ao vento. Diante de qualquer circunstância, temos que ser proativos, atuar como protagonistas. Temos que tomar iniciativa e nos perguntarmos: o que está no meu controle? O que posso fazer para melhorar ou reverter essa situação? Não devemos focar no que não podemos mudar, mas aceitar tais circunstâncias. Devemos focar nossa atenção no que está sob nosso controle. Isso significa adaptar-se. 

Não se deixar controlar pelas circunstâncias

Uma pessoa que não tem o controle de sua vida acaba por deixar que as circunstâncias da vida as derrote. No entanto, quando ela reage e sai da postura de vítima para a postura de protagonista, ela passa a ter o controle da própria vida e não se permite ser manipulada pelo que a fazem ou deixam de fazer. As circunstâncias são como um colchão. Se você está acima, descansa e dorme muito bem. Se você está abaixo, sufoca. Entretanto, você deve estar acima, no controle, com liberdade, sabendo adaptar-se a cada momento e a cada situação.

Existem três tipos de circunstâncias para as quais temos que ter atenção: 

  • Aquelas que podemos mudar e, de fato, mudamos, como: saciar a sede, visitar uma pessoa que fazia tempo que não visitava ou comprar aquele livro que há tempo queria comprar. São situações que, de fato, você toma a decisão de mudar e age para isso;
  • Aquelas coisas que poderíamos mudar, mas não mudamos. Por exemplo: melhorar a alimentação, perder peso, resolver alguns problemas no trabalho, ter boas relações sociais e etc. Podemos até começar agir para alcançar uma mudança, mas logo procuramos por uma justificativa ou um culpado como um álibi para continuar agindo como antigamente. Ou seja, podemos mudar, mas não mudamos. A maioria dos nossos problemas são deste tipo. No entanto, precisamos entender que a felicidade não vem por meio de mágica, mas passa pelas nossas decisões. 
  • Aquelas coisas que não podemos mudar. Nestes casos,  precisamos de fé e de alegria para aceitar tais situações e vivê-las com sabedoria, ao invés de ficar brigando, se queixando e se colocando como vítima. Podemos já ter feito tudo o que podíamos para mudá-las, mas elas permanecem fora do nosso controle: uma morte inesperada, uma doença crônica, a perda de um trabalho, uma pessoa que ficou brava com você por algo que você não teve a culpa, e etc. 

As vezes temos que nos adaptar não apenas às circunstâncias mas, também, às pessoas. São Paulo nos motiva dizendo que: “Se for possível, quanto depender de vós, vivei em paz com todos os homens” (cf. Rm 12,18). O segredo para adaptarmo-nos às outras pessoas é termos um certo senso de humor. Sobre isso, o Papa Francisco, em um encontrou com religiosos na cidade de Trujillo, no Peru, comentou:  “Aprender a rir-se de si mesmo dá-nos a capacidade espiritual de estar diante do Senhor com os nossos próprios limites, erros e pecados, mas também com os próprios sucessos, e com a alegria de saber que Ele está ao nosso lado”, e que “um bonito teste espiritual é interrogarmos-nos sobre a capacidade que temos de rir de nós mesmos”. O senso de humor nos livra de nos sentirmos vítimas.

Ser flexível diante das circunstâncias e saber adaptar-se é um dos segredos da felicidade. São Paulo foi um mestre nesta arte porque tinha confiança em Deus e sabia que Ele cuidava de tudo. Ele sabia que o Senhor lhe tinha reservado um destino glorioso. Confie você também em Deus como o apóstolo Paulo confiou. Deus está sempre ao seu lado. Peça-lhe que te ajude a adaptar-se a cada momento e a cada circunstância, e assim, certamente, chegará ao destino que Deus lhe tem preparado.