A liturgia deste sexto domingo da Páscoa nos coloca neste momento crucial da vida de Jesus que é a Última Ceia e aí, Jesus nos deixa o resumo de todo seu ensinamento em um único mandamento, o mandamento do amor. Mas como podemos aprender a amar como Jesus ensinou?

“Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (João 15, 17)

É urgente parar um momento e entender muito bem o que é o amor. Se o amor deve ser o centro de toda nossa vida, precisamos entendê-lo perfeitamente para poder vivê-lo em nossa vida.

Hoje existe muita confusão sobre o que significa a palavra “amor”. A maioria das canções de amor, dos filmes de amor, dos livros românticos, tratam o amor como um sentimento muito profundo e intenso, mas como um sentimento pode ser um mandamento?

Se nós entendemos o amor como um sentimento, o sentimento efetivamente é incontrolável. Os sentimentos têm causas muito indeterminadas: circunstâncias da vida, temperatura ambiente, uma má noite de sono, uma indigestão…

Então, o que é esse amor que Jesus está nos ordenando?

Jesus nos ensina que amar é uma escolha

O amor ao qual Jesus se refere é uma escolha. Jesus nos manda amar porque amar é uma escolha, uma decisão que nós tomamos.

“Segui o caminho do amor” (1 Coríntios 14, 1)

Quando você segue um caminho e não outro, você faz uma escolha. Amar é uma escolha, não um sentimento. Mas isto nos leva à segunda característica do amor.

Jesus nos ensina que amar é uma atitude concreta

Amar não pode ser algo platônico, só interno, tem que se manifestar em ações concretas, em atitudes.

Vou ligar para tal pessoa, vou doar este dinheiro, não vou responder a uma ofensa, vou ficar mais uma hora para ajudar alguém, etc.

“Filhinhos, não amemos de palavras nem de boca, mas sim de atitudes e em verdade.” (1 João 3, 18)

No evangelho, quando Jesus fala de amor, usa a palavra “ágape”. Ou seja, o amor sacrificial, o amor que é escolha concreta e sacrificial.

“Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.” (1 João 4, 10)

O amor de Deus foi algo concreto, um sacrifício. Mais ainda, Deus nos amou quando ainda estávamos afastados dele, quando ainda éramos seus “inimigos”.

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria nem é arrogante. Não se porta de maneira inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece facilmente, não guarda ressentimentos. O amor não se alegra com a injustiça, pois sua felicidade está na verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13, 4)

No texto completo, São Paulo menciona 15 atitudes que a pessoa pode escolher para amar. 

Jesus nos ensina que amar implica compromisso

O amor, por natureza, é para sempre, se projeta na eternidade, senão, não é amor verdadeiro. 

Hoje se fala muito de amor livre, de amor sem compromisso, mas esse não é amor. É um pacto de conveniência baseado em sentimento… mas isso fere, magoa as pessoas.

O amor verdadeiro busca a felicidade em fazer feliz o outro, e por isso, quer conservar essa relação para sempre, quer subtrair o amor da volubilidade e da imprevisibilidade da vida e ancorá-lo na eternidade.

“Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 João 4, 16)

Para permanecer em Deus, como a videira, para permanecer grudados em Deus, precisamos permanecer no amor. Uma coisa vai junto com a outra.

A medida do amor é não ter medida

“Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, do amor de Cristo.” (Efésios 3, 17)

Nunca vamos entender realmente a grandeza do amor de Cristo. É como tentar entender toda a Internet. É grande demais, nossa mente não pode abranger tudo.

O amor é largo o suficiente para chegar a todas partes. Ou seja, não existe nenhum lugar do mundo, do universo, onde o amor de Deus não chegue. O amor de Deus é tão largo, que abrange inclusive o pecador.

É comprido o suficiente para durar para sempre. Nisto o amor de Cristo se diferencia muito do amor humano. O amor de Cristo dura para sempre.

É profundo o suficiente para lidar com qualquer problema. Ou seja, Cristo compreende toda nossa dor, nossas dificuldades, nossa confusão. Cristo nos conhece e vê o mais profundo de nosso coração.

É alto o suficiente para passar por cima de nosso pecado. Cristo pode passar por cima de nosso pecado, de nossos erros, de nossas falhas, de nossas rebeliões. Nada pode mudar o amor de Cristo por nós. 


Assista à homilia do Pe. Rodrigo Hurtado LC, na íntegra, através de seu canal de YouTube, ou tenha acesso a um conteúdo de Estudo Bíblico da liturgia dominical do ano todo com o curso Conhecer e Viver a Bíblia, que está em nossa loja aqui no site.