Hoje a Igreja celebra uma festa ligada à dedicação de duas importantes basílicas construídas em Jerusalém há época de Constantino para exaltar o maior mistério do amor de Deus, sua Cruz.

A cruz de Nosso Senhor é fonte de santidade e sinal da vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e o demônio. São Paulo, em sua carta aos Coríntios (I Cor 1, 23) já dizia que nós, os cristãos, pregamos a Cristo crucificado, «escândalo para os judeus e loucura para os pagãos».

Para Paulo, «a pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus» (I Cor 1, 18).

A dedicação das duas basílicas, uma sobre o monte Gólgota e outra em Anástasis, local em que Cristo foi sepultado, se deu em 335, quando Santa Helena encontrou as relíquias da Cruz de Jesus e apresentou-as aos fiéis. Também, nesta Festa, se recorda a vitória de Heráclio sobre os persas no ano de 630, momento em que as relíquias da Cruz foram recuperadas, após terem sido roubadas em Jerusalém.

Essa festa, celebrada desde longa data, deseja nos recordar que aquele instrumento de tortura dos romanos se tornou o instrumento da salvação de todos os homens, deixando de ser tida como uma lembrança de algo ruim, para se tornar a marca que distingue os cristãos do mundo todo através dos tempos. Hoje, toda igreja e todo altar traz como destaque a cruz. Também os cristãos têm o hábito de usar crucifixos como pingentes, algo impensável até a Paixão de Cristo.

A cruz, para nós católicos, evidencia o maior ato de amor de Deus por nós, enviando seu Filho Jesus para nos salvar dessa maneira. Santo Afonso Maria de Ligório, em seu livro «Prática do Amor a Jesus Cristo» dizia que «o amor quando procura fazer-se conhecido, não leva em conta aquilo que mais convém à dignidade da pessoa que ama, mas o que mais conduz a manifestar-se à pessoa amada. (…) Vendo Jesus na cruz, deveremos, entusiasmados, exclamar: ó amor, ó amor, ó amor!»

Ainda na mesma obra, o santo exclama: «Roubador dos corações, a força de vosso amor estraçalhou nossos corações tão duros. Inflamastes todo o mundo no vosso amor. (…) A vossa cruz é arco e flecha que ferem os corações. Saiba todo o mundo que tenho o coração ferido».

A essência da Festa da Exaltação da Santa Cruz é nos recordar, para que possamos vivenciar e experimentar em nossa vida hoje, a Paixão que nos libertou de nossas paixões, destruiu o pecado em nós e apagou a condenação que cairia sobre cada ser humano se não fosse esse supremo ato de amor de Jesus.

Que nesse dia possamos exclamar da mesma forma como naquela oração atribuída a S. Bento: Que a Cruz Sagrada seja minha luz!