Nesse quinto Domingo da Páscoa, Pe. Rodrigo Hurtado, LC, faz sua reflexão sobre o trecho do Evangelho de João (15, 1-8) e revela os conselhos de Jesus para uma vida bem sucedida, através da parábola da Videira.

«Hoje escutamos essa imagem de Jesus da videira verdadeira. Por que Jesus usou a imagem da videira?», pergunta Pe. Rodrigo. «Quando os judeus subiam a Jerusalém encontravam no pórtico do templo a imagem de uma imensa videira cujos cachos de uva tinham a dimensão de uma pessoa e os ramos eram todos cobertos de ouro», conforme a descrição do historiador judeu, Flávio Josefo.

Essa videira do templo faz referência de uma passagem do livro dos Números, quando Moisés chega perto da Terra Prometida e, ficando de fora, pede que exploradores entrem na terra e verifiquem o que havia ali. Quando os exploradores voltaram, falaram a famosa frase relatando que «é uma terra em que mana leite e mel». Esses homens  também traziam um cacho de uva que era carregado por dois homens e era do tamanho de um ser humano. Ainda hoje, o logotipo do ministério do turismo de Israel são dois homens carregando um cacho de uva.

Pe. Rodrigo explica que «Jesus pega essa imagem que os judeus já estavam acostumados e deixa uma mensagem». «Qual é a mensagem principal do que Jesus quer transmitir? É o segredo do sucesso na vida. Como ter uma vida bem sucedida».

O fundador do Instituto Católico de Liderança recorda que «se você for ao Evangelho não encontrará a palavra ‘sucesso’ aplicada à vida, mas encontra a palavra ‘fruto’. Jesus não fala do sucesso mas fala de dar muito fruto».

«Qual a diferença entre sucesso e fruto?» – indaga. «Simples. O sucesso é apenas para nós, é individual. A única pessoa que se beneficia do sucesso sou eu. O fruto não. Eu tenho sucesso e beneficio as pessoas que estão comigo. Tudo mundo se vê beneficiado por meu sucesso».

Portanto, nesse trecho do Evangelho trazido pela liturgia desse quinto domingo da Páscoa, Jesus traz o segredo da vida bem sucedida. Pe. Rodrigo esclarece que uma vida com muito fruto seria um «empresário que ajuda muita gente, porque tem sucesso. Seria um escritor que inspira e impacta a vida de muita gente… seria um político que ocupe um cargo muito importante, mas busca servir a seu país… A fecundidade ou fruto é usar o sucesso pessoal para ajudar a outros».

1. Ter a vida unida à videira

A imagem dos ramos unidos à videira é muito eloquente, segundo o Pe. Rodrigo. «Um ramo que não está conectado com a videira, é obvio que não pode dar fruto. E, a partir de então, Pe. Rodrigo explica como estar unido a Cristo

Cumprir os mandamentos

«Eu não posso falar que estou unido a Cristo e, de fato, eu não cumpro os mandamentos», revela. Essa parábola foi narrada por Jesus pouco antes da Última Ceia e, momentos antes, Jesus diz que quem o ama, obedecerá Sua palavra, e a Santíssima Trindade fará sua morada nele. «Jesus vem realmente habitar em nosso coração, por isso estamos conectados à videira. Não basta só querer a Jesus, mas temos que cumprir os mandamentos».

Jesus também diz que «sem mim não podeis fazer nada». E o que seria esse nada? «Nada na ordem da graça», reforça Pe. Rodrigo. «As coisas desse mundo podemos fazer, mas isso não é importante. Jesus chama isso de coisas pequenas. As coisas grandes são as espirituais. É isso que nós temos que guardar, acumular e construir para poder, no dia que em que encerremos nossa caminhada aqui na terra, levemos conosco ao reino dos céus».

Receber os Sacramentos

«Isso é uma consequência da primeira. Se eu cumpro os mandamentos eu posso receber os Sacramentos» que são a presença de Cristo vivo e real em meio a sua Igreja. «É aí que encontramos Jesus vivo, real». Pe. Rodrigo ensina que é Jesus que, através do sacerdote, realiza os sacramentos. «Receber os sacramentos é receber a Cristo».

2. Viver a Palavra de Deus

«Eu preciso também escutar essa Palavra, meditá-la, conhecê-la», continua Pe. Rodrigo. «Não adianta falar que sou um cristão, mas eu não sei o que pensa Cristo». «Na Bíblia você encontra, em certo sentido, o manual para a vida». «Tudo o que precisamos para viver uma vida bem sucedida, tudo está na Bíblia».

S. Paulo falava a Timóteo (3,16) que toda Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar a maneira certa de viver. «Então, a Bíblia é o manual de instruções da vida. Tudo o que precisamos saber está aí». O padre concorda que não seja tão simples compreender esse manual, mas «para isso existe a Igreja», para nos ajudar a compreender a Bíblia. «Se você está triste, a Bíblia tem uma palavra pra você. Você está casando? A Bíblia tem um apalavra pra você. Se precisa tomar uma decisão muito importante, a Bíblia tem uma palavra para você».

Dar fruto de boas obras

Continuando, Pe. Rodrigo também ensina que «Jesus falou também que precisamos dar frutos de boas obras (vers. 2). «Não basta apenas estar unido à videira, mas se não dou fruto, o Pai vai cortar. Essa é uma ideia que Jesus repete muito no Evangelho». Não basta estar unido no sentido de amar muito a Jesus, se depois essa Palavra não se converte em obras concretas.

«Aquele que escuta minhas palavras e as coloca em prática é como aquele que construiu sua casa sobre a rocha», Pe. Rodrigo recorda que Jesus falou: «aquele que escuta minhas palavras e as coloca em prática». O apostolo Tiago disse assim: Sede praticantes da palavra e não simplesmente ouvintes. (1, 22).

Pe. Rodrigo reforça que «Talvez, a parábola em que Jesus mais insista nisso seja a parábola do semeador». Se não coloco em pratica a palavra, acontece como a semente que caiu em terra seca, ou foi sufocada por espinhos. A palavra chegou em mim e não produziu frutos. «O que significa dar frutos? Significa colocar em prática a palavra de Deus».

Seguindo em sua reflexão, Pe. Rodrigo destaca as duas ações do Pai enumerados por Jesus na parábola do vinhateiro. Uma ação positiva e uma ação negativa. «A primeira é negativa. Quando o ramo não dá fruto, o Pai vai e corta. Esse ramo seca e depois vai pro fogo».

«Na vida espiritual quando nós não damos fruto é quando não estamos colocando em prática a Palavra». Pe. Rodrigo diz que o que impede nossa união com Cristo, a verdadeira videira é o pecado. «Chegará um momento em que a vida termina, acabou, e se você não deu fruto, Jesus usa a imagem do fogo, que é a imagem da condenação, uma imagem dura, uma imagem assustadora. Se não damos frutos em nossa vida, seremos jogados fora, seremos cotados não para ir ao céu».

A segunda ação de Deus, que é positiva, se trata também de corte. Quando um ramo dá fruto, o vinhateiro também corta, mas Jesus usa a palavra «limpa». «A diferença é que a poda não é um ato hostil contra a videira. É um ato de selecionar. Nós, muitas vezes tentamos fazer muitas coisas e não fazemos nada bem. Na vida humana, isso acontece. A gente precisa, às vezes, deixar de lado algumas coisas para focar. A vida é escolher e escolher significa renunciar. Não podemos fazer tudo e quando nós renunciamos é precisamente para dar forças às coisas mais importantes e deixar as secundárias de lado».

«Quando você não poda uma videira, ela cresce de um jeito descontrolado e tem tantos cachos de uvas que elas são pequeninas e não chegam a amadurecer, porque a videira não foi podada devidamente», segue em sua homilia o Pe. Rodrigo. «Deus faz essa mesma coisa conosco. Quando damos fruto, Ele também, às vezes, permite essas provações, essas dificuldades da vida». «Deus não está lhe castigando. Deus está lhe podando, porque você está dando fruto, mas Deus acha que você pode dar muito mais fruto ainda. Essa é a questão».

Pe. Rodrigo argumenta que «as pessoas que dão fruto também passam provações, sofrimentos, dificuldades, porque Deus acha que você pode dar mais fruto. Não confundamos castigo com poda».

«Da Vinci dizia que a escultura é a única arte de poder tirar», comenta o padre. «Todas as outras artes são de agregar algo. Numa pintura se agrega tinta no quadro. Se é um músico, se agrega notas a uma partitura… A escultura é tirar coisas».

O padre recorda uma história em que Michelangelo estava caminhando e encontrou uma pedra. Quando a viu disse que ali havia um anjo preso e ele o iria resgatar. Levou a pedra para seu ateliê e começou a lapidar, tirar o que sobrava e efetivamente apareceu um belo anjo de mármore. «Em certo sentido, Deus é assim conosco». Ele não vê o que somos, simplesmente, mas o que poderíamos chegar a ser. «E, às vezes ele tem que tirar algumas coisas de nós, os nossos egoísmos, os nossos desejos, os projetos que não são de Deus, as nossas preguiças, enfim, as nossa comodidades, nossa mediocridade… Ele tem que tirar isso para que surja a bela imagem de Cristo».

S. Paulo dizia aos romanos que Ele nos predestinou para ser a imagem de seu filho Jesus Cristo. «Então, Deus precisa, muitas vezes tirar nosso egoísmos, nossa soberba, nossa sensualidade, todas essas coisas que estão sobrando e fazendo feia a obra. E quando Deus tira essas coisas de nós, é claro que dói».

A carta aos Hebreus (12, 11) mostra que «quando Deus nos poda, dói. Isso produz frustração, mas, depois, isso produz fruto de justiça, que na linguagem da Bíblia é sinônimo de santidade».

Contudo, Pe. Rodrigo ainda reforça que não é automaticamente que essas provações vão se tornar um bem para nós. «Se fico me queixando e me afasto de Deus por causa desse sofrimento, dessa dor, é lógico que essa dor não me ajuda a crescer. Tenho que colaborar com Ele e Ele nos fará mais parecidos à imagem de Jesus. É isso que ele quer formar em nosso coração».

«Você quer ter uma vida bem sucedida?», questiona o Pe. Rodrigo. «Esses são os dois conselhos que Jesus nos deixa com a parábola da videira. Primeiro, permanecer unido a Ele através de cumprir os mandamentos, de receber os sacramentos e de escutar, meditar constantemente a palavra de Deus e, o segundo, saber colaborar também dando frutos de boas obras em toda nossa vida, em cada momento».

Por fim, Pe. Rodrigo pondera que «os frutos de uma vida bem sucedida, como Jesus quer, não chegam instantâneos. As coisas de Deus levam tempo, não surgem de um dia para o outro. Deus faz um cogumelo da noite para o dia, sim! Mas, se você quer um belo carvalho você tem que esperar muitos anos. As coisas de Deus, as coisas que valem, as coisas boas e mais, uma vida bem sucedida, cheia de frutos como Deus quer, precisam tempo. Então, junto com tudo o que falamos, nós temos que saber perseverar e esperar. Mas, acredite, se você faz isso, vai dar certo e você vai ter uma vida bem sucedida e com muitos frutos».

*Pe. Rodrigo Hurtado, LC, fundador do Instituto Católico de Liderança e idealizador do aplicativo Seedtime, celebra a Missa online todos os domingos, às 18h, em seu canal do YouTube. Inscreva-se, ative as notificações, deixe seu like e compartilhe.