Hoje a Igreja celebra a memória de um santo que recebeu um apelido por um dom que exercia com primazia. Ainda que muitas pessoas, hoje, acreditem que se trata de seu sobrenome, na verdade, Crisóstomo vem do grego e significa «da boca de ouro», epíteto que João ganhou por sua lendária eloquência, sendo ele considerado o maior pregador cristão da história.

João nasceu, no ano de 347, em Antioquia (antiga província romana da Síria, hoje situada na Turquia), foi batizado em 368 e iniciou seus estudos sob influência do professor pagão Libânio. Já em seu tempo de escola, causava espanto e admiração com suas declamações literárias.

Por volta de 375, João se tornou eremita e conta-se que, nessa época, passou dois anos continuamente em pé, dormindo muito pouco e acabou por decorar as Sagradas Escrituras. Voltando para Antioquia, foi ordenado Sacerdote e seus sermões começaram a ganhar fama.

Em 398, ele foi consagrado Arcebispo de Constantinopla e fez a reforma do clero local, tirando todos os luxos do palácio e, com as cortinas elegantes, mandou fabricar vestimentas para os pobres.

Sua eloquência e testemunho fizeram com que muitos pecadores buscassem a penitência e inúmeros pagãos se convertessem. Ele tinha uma maneira direta de explicar as Escrituras, trazendo, em seus famosos sermões, atitudes práticas de como viver o Evangelho, especialmente no cuidado com os mais necessitados.

Em virtude de naturais atritos causados por suas homilias contra o luxo e a ostentação exagerada, tal e qual seu homônimo do Evangelho, João, o Batista, ganhou o ódio da imperatriz. Eudóxia, esposa do Imperador Romano do Oriente, foi responsável por seus dois exílios, sendo que o segundo lhe causou tantos sofrimentos que sua saúde não suportou a longa viagem e acabou falecendo em 407.

Segundo conta-se, suas últimas palavras foram: «Glória seja dada a Deus em tudo». Em 1909, São Pio X o declarou santo Patrono dos Pregadores.