Filosofia do Amor: uma maneira de educar
No Café com Fé dessa quinta-feira, Adriano Dutra recebe Kiki Maramaldo, diretora do Centro Comunitário Ludovico Pavoni (CCLP), que atende crianças de 4 a 12 anos no contraturno escolar, oferecendo um reforço educacional e formação pessoal, incluindo também o apoio a seus familiares.
O CCLP já existe há 30 anos e Kiki Maramaldo assumiu sua diretoria há 10 anos. Nele, as crianças que estudam pela manhã, vão para almoçar ali e ter atividades, terminando com um lanche da tarde. Já as crianças que estudam à tarde, vão ao centro para o café da manhã e saem após o almoço. Entre as refeições são realizadas diversas atividades lúdicas multidisciplinares de formação e educação.
Kiki, ao assumir a diretoria do Centro, desenvolveu, a partir de uma inspiração que veio de sua própria vida e religiosidade, a Filosofia do Amor, um método educacional focado no amor, na compreensão, no ouvir, na paciência, isto é, na mesma forma com que Deus age conosco em seu amor de pai. «Todos somos pecadores, mas Deus não olha os nossos pecados, Ele enxerga as nossas necessidades», reforça.
Ela conta que, «quando você recebe a palavra de Deus e o amor de Deus, você tem vontade de transmitir aquilo para outras pessoas». Foi, a partir desse sentimento, que Kiki começou a criar a Filosofia do Amor.
No CCLP, esse método é transmitido à equipe toda, às crianças e, também, às famílias das crianças. Todos que entram lá serão acolhidos e respeitados, «porque esse é o objetivo da Filosofia do Amor».
A diretora ilustra que quando uma criança está com comportamento inadequado, ao invés de ser repreendida ou acusada, busca-se observar o comportamento e, se necessário, os pais são chamados para que se possa entender o que está acontecendo. Dessa maneira, é possível participar de toda a realidade da vida da criança e de sua família e oferecer uma orientação adequada. Com isso, foi-se estabelecendo uma relação muito boa entre a equipe do CCLP e a comunidade atendida pelo Centro, na região do Real Parque e Jardim Panorama em São Paulo.
Kiki conta que o CCLP não é uma escola que ensina matérias do currículo escolar normal, pois isso as crianças têm em suas próprias escolas, mas nesse período que estão lá, «recebem educação para amar o próximo, para ter gentileza, e isso ensinamos com atividades lúdicas e com muito amor».
O Centro também recebe a presença do apostolado Sonhando em Família, do Movimento Regnum Christi, no qual as voluntárias vão durante os dias da semana para ensinar artesanato e fazer uma troca de experiências com as mães das crianças atendidas lá.
«Para que toda a equipe possa estar em sintonia e a gente realmente trabalhar na Filosofia do Amor, eu faço uns treinamentos», explica Kiki, que ensina como seu método é aplicado à equipe de educadores.
Ela também relata uma situação pitoresca, fruto da Filosofia do Amor. As crianças do Centro não têm medo de ir para Diretoria para levar uma bronca, na verdade elas gostam de ir para a diretoria, porque foi estabelecido um elo de amor entre as crianças, suas famílias e o pessoal do Centro Ludovico. Isso faz com que as crianças que são egressas do centro, acabem sempre visitando o local quando são maiores. Os pais das crianças que já deixaram o centro também sempre voltam para pedir conselho ou para contar com está o desenvolvimento daquela criança.
«A Filosofia do Amor não é passar a mão na cabeça», ilustra Kiki. «Ela tem limites, mas de uma outra forma. Com amor, compreensão, com a conversa» Segundo ela, isso faz muita diferença, porque eles têm contato com as escolas da região que relatam que o aluno do Ludovico é diferente. «O caminho é educar através das virtudes, dos valores e dos princípios», comenta.
O Centro Ludovico é uma instituição que sobrevive através de doações e um dos projetos criados para ajudar na educação das crianças é uma forma de “adoção” voluntária, em que uma pessoa pode se tornar um benfeitor de uma criança, ajudando nos custos de sua permanência no Ludovico. Essa “madrinha” recebe constantemente um tipo de relato do desenvolvimento da criança que ela está ajudando, com vídeos, uma cartinha da criança, por exemplo, para que possa acompanhar sua evolução.
Kiki conta que sua fé veio do exemplo de sua mãe e de seu pai, que eram católicos e a criaram na vivência concreta da fé em casa. Depois, ela teve seu encontro pessoal com Jesus. «Quem tem um encontro com Jesus se transforma», conta. Kiki vai à Missa todos os dias e sabe que a Comunhão diária é o que lhe fortalece para exercer seu apostolado.
A diretora do Centro Ludovico confessa que tem a vontade de levar sua Filosofia do Amor para outros colégios e creches. Poder oferecer treinamento para quem quiser implantar em seus locais, essa metodologia de trabalho, para que possam também ter os resultados que ela colhe já há 10 anos em seu trabalho.
Por fim, ela deixa um conselho aos pais, para cuidem muito bem desse diamante precioso que são os filhos. Que coloquem Deus no coração, porque «é Deus quem educa nossos filhos e temos que pedir para Ele essa ajuda». E, também, que exista muito amor na relação. Muita entrega e doação. «Já falou para seu filho ‘Eu te amo’ hoje?» – ela pergunta.
E, para os educadores, Kiki Maramaldo recomenda a paciência, muita paciência. Ela reforça que, às vezes é mais fácil para o professor dar um berro, chamar a atenção de uma criança, mas que isso não fará bem para ela no futuro. O professor deve olhar aquela criança com compaixão, com amor, escutá-la.
- O podcast Café com Fé é transmitido ao vivo toda quinta-feira, pelo canal do YouTube do Instituto Católico de Liderança e pelo Instagram @liderescatolicosbr. Também pode ser ouvido nos aplicativos de podcast e através do aplicativo de meditações católicas Seedtime.