Chegando o final de outubro, as vitrines das lojas no Brasil, as escolas de idiomas e, já há algum tempo, as varandas das casas estão cada vez mais tomadas pelos adereços típicos do Halloween, essa comemoração mais típica dos países de língua inglesa e que é caracterizada pelas abóboras, os fantasmas, bruxas e toda uma fauna obscura, faz muitos pais católicos ficarem na dúvida se podem permitir ou não seus filhos de brincar nas atividades típicas da data, especialmente naquela procissão de crianças fantasiadas em busca de doces.

O Halloween, por si só, não é uma festa pagã. Na verdade, é uma festa cristã que surgiu sobre uma antiga festa pagã na Irlanda, como aconteceu com muitas outras datas, com a cristianização do mundo ocidental. Segundo o Dr. Rafael Vitola Brodbeck, católico, pai e escritor, originalmente, a festa de Todos os Santos, até os anos 50 do século XX, tinha uma vigília, que em inglês se pronunciava «All Hallows Eve», cuja contração origina o nome da comemoração atual, «Halloween». E o costume das fantasias é originário da Irlanda, onde os cristãos se fantasiavam de bruxos ou bruxas para debochar do antigo paganismo que existia no país antes da chegada de S. Patrício.

Contudo, ele também explica que a atual paganização da data é um fenômeno recente, como está acontecendo também com o Natal. Segundo ele, «Se bruxos e satanistas roubaram o Halloween dos cristãos, materialistas nos roubaram o Natal. E deixamos de comemorar o Natal por isso?»

Brodbeck, que também é Delegado de Polícia no Rio Grande do Sul, explica em seu post no Instagram que «recristianizar o Natal não implica em expulsar a ceia, os presentes e o Papai Noel, mas colocá-los em seu devido lugar e dar-lhes o sentido cristão original». Da mesma forma, «recristianizar o Halloween não implica em expulsar a abóbora, a decoração de terror e as crianças fantasiadas de monstros, mas colocar tudo isso em seu devido lugar».

Em uma entrevista de 28 de outubro de 2018 para o grupo ACI, o famoso exorcista espanhol, Pe. José Antonio Fortea também explica que «em si mesma, a celebração desta festa, tal como era há cem anos, duzentos anos, não havia nada de errado, e muito menos em uma sociedade tão cristã, como era norte-americana há 50 anos. Reduzia-se a fantasiar-se e a visitar as casas, nada mais do que isso».

Ele reforça em sua entrevista, que a festa foi ganhando traços de paganismo há poucas décadas mas, por outro lado, também esclarece que o simples fato de uma criança se fantasiar não é algo mal em si mesmo e tampouco é algo demoníaco. Claro que existem fantasias que são macabras, monstruosas e não são moralmente neutras e se faz necessário, portanto, o uso do bom senso.

Talvez, a tradução do nome da data, feita completamente desconectada do seu nome original em inglês de Halloween para «Dia das Bruxas» seja um elemento que possa descaracterizar a festa e dar uma conotação pagã a uma festa cujo nome original é cristão: Véspera de Todos os Santos.

Mas, a pergunta é se é lícito a um católico participar dessa brincadeira. A resposta é: há que se usar o bom senso, isto é, discernir. Além disso, os pais podem aproveitar o ensejo para educar os filhos no verdadeiro sentido da festa e da Solenidade de Todos os Santos. Falar da importância da santidade e do mal do paganismo. Outro costume muito bonito que tem surgido na busca de recristianizar essa festa são as fantasias de santos.

Por que não buscar que as crianças escolham um santo de devoção e se fantasiem como ele, conhecendo sua história, sua fé, sua maneira especial de se chegar a Deus?