Definitivamente, a vida de Jesus deixou de ser pacata e passou a ser uma grande missão. Depois do milagre em Caná da Galileia, por onde ele passava, todos se juntavam para encontrá-lo e, sobretudo, para receber milagres e prodígios. Muitos profetas já haviam passado por aquelas terras, porém o Nazareno tinha alguma coisa de especial. Sua voz era altiva e penetrante, a ponto de afirmarem a seu respeito: “[…] as multidões ficavam extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas” (Mt 7, 28b-29).

É comum que para uma grande missão se escolha pessoas muito capazes e instruídas. Com Jesus, não foi bem assim. A escolha dos seus discípulos foi além das habilidades humanas, Pois, “não se trata daquilo que veem os homens, pois eles veem apenas com os olhos, mas Deus vê o coração” (cf. I Sam 17, 7b).

Os companheiros de jornada: a escolha dos apóstolos

Pescar muito ou pouco é a mesma coisa quando você descobre que o mundo está a ponto de mudar por completo. O encontro com o Mestre transformou completamente a vida dos apóstolos.

Foi lá em Cafarnaum onde Jesus reuniu seus primeiros discípulos. O chamado aos doze não foi algo que aconteceu apenas em decorrência da amizade entre eles. Os apóstolos eram jovens, tinham negócios e eram casados – o celibato não era uma prática comum na época de Jesus. O novo Rabi chamou a atenção dos que seriam chamados, mas a vocação é algo sério e Jesus os deixou voltar a suas casas, para suas famílias, para  amadurecer e esclarecer os seus sentimentos.

O seguimento de Jesus foi um tema longamente discutido e aceito pelas famílias. Também elas devem ter ficado entusiasmadas com o Senhor, que certamente deixou passar um tempo, para que se organizassem os aspectos práticos e materiais desta mudança.

E Jesus pregava. Seu anúncio não era apenas uma mudança de coração e de vida, como foi o anúncio de seu precussor João Batista. Ele também indicava uma missão.

Do encontro à missão

A missão era algo enigmático: um Reino que estava a ponto de chegar, pelo qual tinham que deixar tudo, inclusive seus familiares e suas riquezas. Um Reino que traria paz e liberdade ao povo há tanto tempo oprimido.

Muitas coisas eles não entendiam, mas não fizeram muitas perguntas. Jesus tinha crescido tanto em suas almas – por causa de suas palavras e milagres – que estavam dispostos a tudo. Por isso, André, Pedro, João e Tiago deixaram suas redes. Mateus deixou o dinheiro, e um após o outro todos foram deixando as comodidades de seus lares e a paz de suas vilas.

Da multidão que segue e escuta a Jesus, Ele escolheu doze para formar um círculo de íntimos. Três dos evangelistas transmitem cuidadosamente a lista desses homens. Socialmente carecem de influência. Intelectualmente não se tratam de pessoas prestigiosas. Do ponto de vista religioso, também não parecem ser exceções à regra. Por que Jesus escolheu esses homens, precisamente esses? Não tinha em Israel pessoas de maior categoria?

Quantas coisas colocou Deus na nossa vida que nunca foram desenvolvidas! Deus te amou, te criou com um ideal e te encomendou uma missão. Isto deve estar gravado profundamente no nosso coração. Se sente a tentação de pensar que você não é ninguém especial e que por isso sua vida não tem outro horizonte senão a rotina imposta pela sociedade, lembre-se dos apóstolos escolhidos por Jesus. Não é preciso ser especial para realizar uma grande missão na sua vida, só precisa ser amado por Deus, e você certamente é.

Você é especialmente chamado por Deus!

Dentro de cada um de nós existe uma potencialidade que Deus colocou, do mesmo jeito que todas as características de uma grande árvore estão contidas na semente. Mas essa potencialidade só pode se desenvolver com a nossa colaboração à  ação da graça de Deus.

Aos olhos dos homens, aqueles apóstolos eram nada, mas aos olhos de Deus tinham uma grande missão e, com a ajuda Dele, conseguiram frutos que perdurarão até o fim dos tempos. Esse é também nosso destino se soubermos descobrir e colaborar com o dom de Deus.