Três rochas para alicerçar nossa esperança
Em sua homilia nesse 15º Domingo do Tempo Comum, Pe. Rodrigo Hurtado, LC, reflete sobre o trecho do evangelho de Marcos em que Jesus envia seus apóstolos para a missão, e nos mostra as três rochas nas quais podemos alicerçar nossa esperança.
Pe. Rodrigo recorda um caso que acompanhou em seu ministério sacerdotal e que o fez pensar sobre quais eram os alicerces da esperança cristã. Sobre como ter uma casa construída sobre a rocha, como Jesus dizia no evangelho.
Aquela experiência lançou o Pe. Rodrigo a meditar sobre a esperança, que não é simplesmente otimismo. «O otimismo está baseado somente em uma disposição psicológica», dizia. «Ao contrário, a esperança é uma atitude teológica, baseada no poder de Deus, no amor de Deus».
Para o padre, o otimismo não é capaz de transformar o mundo, a vida. «Ele pode ajudar, mas é muito fraco. Mas, a esperança cristã coloca sua fé e sua confiança no amor e no poder de Deus».
O ler o evangelho trazido pela liturgia nesse domingo, Pe. Rodrigo realça a presença de três rochas em que podemos alicerçar nossa vida. As «três rochas da esperança cristã», revela.
“Naquele tempo, Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros”
(Marcos 6, 7)
Pe. Rodrigo sublinha três expressões desse texto. Em primeiro lugar, Jesus «chamou» os doze. Em segundo lugar, «enviou» e, em terceiro lugar, «deu-lhes poder» para realizar aquela missão.
«Aqui estão as três rochas sobre as quais podemos edificar nossa verdadeira esperança cristã, essa que nada pode abalar», enumera o padre.
Primeira Rocha: Cristo nos chamou
“Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, Eu vos escolhi a vós e vos designei para irdes e dardes fruto, e fruto que permaneça”
(Jo 15, 16)
Pe. Rodrigo reforça que a iniciativa é de Jesus. «Jesus escolheu seus discípulos, Ele os chamou». E, da mesma forma, na segunda leitura também vemos que aquele chamado não era só para os doze, mas «uma realidade ontológica em nossa vida».
“Cristo, nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor.”
(Efésios 1, 4)
Cristo nos escolheu antes da criação do mundo, segundo o Pe. Rodrigo. Não apenas os apóstolos, não apenas há dois mil anos em um momento circunstancial, mas antes da criação do mundo.
«Quando nada existia, quando Deus estava apenas criando as estrelas, as galáxias, os planetas, quando Deus ainda estava fundando as montanhas e os oceanos, quando Ele plantava as primeiras sementes de árvores sobre a terra, Ele fazia tudo isso pensando em você», esclarece o padre.
“Em seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos, por intermédio de Jesus Cristo.”
Efésios 1, 5
Continua o Pe. Rodrigo ensinando que «não somos apenas mais uma formiga, mais um passarinho, um peixe do mar. Nós somos as criaturas prediletas, amadas por Deus para sermos adotados como filhos».
«Quando chegarem os problemas, quando chegarem as dificuldades, as provocações, pense: você é amado por Deus, você não escapa dos olhos de Deus».
O padre também relembra que as escolhas de Deus são imutáveis, permanecem para sempre. Por essa razão, saber que Deus me chamou é uma rocha em minha vida.
«Deus é consistente, Ele nunca muda suas escolhas. Ele nos ama e nos amará sempre, independentemente de qualquer circunstância».
Segunda Rocha: Cristo nos enviou
A seguir, o Pe. Rodrigo continua ensinando que «não estamos aqui por casualidade». «Ninguém nasce por erro, ninguém nasce por casualidade. Existem, sim, pais por acidente, mas não existe filhos por acidente. Filhos não são nunca um acidente, eles foram amados e planejados desde toda a eternidade, antes da fundação do mundo, por Deus».
O padre nos lembra que estamos aqui para cumprir um propósito em nossa vida.
“Assim como o pai me enviou, Eu também vos envio”
Jo 20, 21
Jesus veio com uma missão e todo cristão, todo ser humano, tem também uma missão. «A vida é para ser doada, para ser entregada. Não estamos aqui por nossa causa, eu não nasci para me satisfazer, para minhas necessidades, para meus caprichos. Eu fui enviado e, portanto, minha vida tem uma dimensão de saída», explica o Pe. Rodrigo.
O padre diz que a vida é como o olho humano, que não foi desenhado para enxergar a si mesmo, mas para enxergar o mundo. «Se o olho enxerga a si mesmo, significa que os olho está doente. Assim também nós, seres humanos, se só enxergamos nossas próprias necessidades, nossos próprios gostos e olhamos para nosso próprio umbigo, então, nós estamos doentes. Não estamos cumprindo a missão e isso produz um vazio muito grande».
“Quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida.”
Mateus 16, 25
«O que significa perder a sua vida?», pergunta Pe. Rodrigo. «Significa não viver para mim mesmo, mas para os outros. Que mistério! Quem pensaria que a felicidade estava justamente nisso?».
Deus sempre está conosco, porque Ele nos enviou e, por isso, temos essa segurança de que Ele irá nos acompanhar. O padre também recorda que quando Deus chamou Moisés, assegurou que estaria junto a ele. «Se Ele nos envia, Ele vem conosco, Ele está conosco, Ele nunca nos abandona».
Terceira Rocha: Cristo nos deu poder
O Pe. Rodrigo ainda segue indicando que quando Deus nos dá uma missão, logicamente que Ele também nos dá o necessário para cumprir essa missão. A mesma história contada hoje por Marcos, também é relatada no evangelho de Mateus, que acrescenta que Jesus enviou seus discípulos para: “Curar enfermos, purificar leprosos, ressuscitar mortos, expulsar demônios.” (Mateus 10, 8).
«Seria uma contradição se Deus nos enviasse para algo e não nos desse o poder para cumprir a missão», constata o Pe. Rodrigo. «Portanto, lembre-se: Deus te deu o poder para cumprir sua missão».
O padre ainda afirma que Deus nunca permitiria em sua vida algo maior do que as forças e o poder que Ele lhe deu. «Deus, de fato, sabe que somos fracos, que não conseguimos sozinhos, então, Ele nos dá o poder, do mesmo jeito que fez com os apóstolos».
Pe. Rodrigo admite que se não estamos percebendo esse poder de Deus agindo em nossas vidas é porque não estamos seguindo as instruções de Deus. No texto do evangelho vemos que, além de chamar, enviar e dar poder aos apóstolos, Jesus também lhes dá uma série de instruções de como devem exercer esse poder.
«Nós temos que fazer as coisas do jeito de Deus. Para libertar o poder de Deus em nossa vida, temos que seguir as instruções. É aí que se liberta o poder de Deus em nossa vida, na fidelidade», continua Pe. Rodrigo.
O padre compara nossa vida a um filme cujo diretor é Deus, o protagonista somos nós e o roteirista são ambos, Deus e nós. «Não é nosso filme. Ele é o Diretor. Então, eu tenho que escutar, ser dócil, seguir o roteiro que Deus me vai colocando e colaborar com a parte que corresponde a mim».
Estas são as três rochas que temos que colocar os alicerces de nossa esperança. Deus me chamou, Ele me enviou e me deu o poder.
Por fim, o Pe. Rodrigo encerra sua homilia lendo um trecho da carta de S. Paulo aos Efésios:
“Oro, ainda para que os olhos do vosso coração sejam iluminados, para que saibais qual é a real esperança do chamado que Ele vos fez, quais são as riquezas da sua herança e qual é a incomparável grandeza do seu poder.”
Efésios 1, 18
* Pe Rodrigo Hurtado, LC, idealizador do aplicativo de meditações católicas Seedtime, celebra a Missa todo domingo em seu Canal de YouTube. Inscreva-se, ative as notificações, deixe seu like e compartilhe.