Esta semana a Liturgia nos apresenta outra das grandes alegorias do evangelho: a videira verdadeira. Nesta conversa que Jesus tem com seus discípulos, Ele fala sobre a vida bem sucedida, da maneira que Deus planejou para nós.

Como vemos, essa alegoria de Jesus não é apresentada em um discurso para multidões, mas numa conversa mais reservada com seus discípulos na última ceia.

Sucesso é uma palavra que está muito na moda hoje. Todo mundo quer ter sucesso. Todos os pais desejam para seus filhos que sejam pessoas bem sucedidas. Muitas pessoas estão dispostas a sacrificar sua vida, sua saúde, sua família, sua poupança, tudo com tal de conquistar o desejado sucesso na vida.

Mas, o que Jesus diz sobre uma vida bem sucedida?

A palavra sucesso não aparece no evangelho. Não a encontramos na boca de Jesus. Mas Ele fala do sucesso, só que Ele usa outra palavra, que é “fruto”.

O sucesso, do ponto de vista material, é algo individual, egoísta. Já o fruto é para os outros, afinal de contas, uma árvore não se alimenta de seus próprios frutos.

Um empresário tem uma vida não só de sucesso, mas também de fruto, quando ele cresce e crescem com eles todos os que estão perto, todas as pessoas que, de algum jeito, se relacionam com ele.

Um escritor dá fruto quando seus livros ajudam as pessoas a crescer como seres humanos. Um casal dá fruto quando os filhos se transformam em pessoas que amam a Deus, que cultivam a fé, que transmitem os valores que eles receberam, especialmente os valores do evangelho.

A imagem da videira

Jesus usa a imagem da videira porque na entrada do Templo de Jerusalém, tinha, naquela época, um pórtico, que acima tinha uma imensa videira com uns cachos de uvas cobertos de ouro do tamanho de uma pessoa.

“Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”

(João 15, 5)

Como ter uma vida bem sucedida?

1. Para dar frutos, precisamos permanecer unidos à videira

Estar unido à videira é estar unido a Cristo. O verdadeiro fruto acontece quando, por causa dessa união com Cristo, nós transformamos a vida das pessoas ao nosso redor.

Para estar unido a Cristo, em primeiro lugar, precisamos realizar sua vontade, isto é, cumprir seus mandamentos. 

“Se alguém me ama, obedecerá à minha Palavra; e meu Pai o amará, e nós viremos até ele e faremos nele nossa morada.”

(João 14, 23)

A graça de Deus é a coisa mais importante em nossa vida. É o coração de nossa relação com Deus. Se nos falta a graça nós não podemos crescer na vida espiritual, ajudar espiritualmente a ninguém, suportar as dificuldades com paz, dar fruto na vida, alcançar o céu.

Também precisamos estar unidos à Igreja, pois ela é a Igreja de Jesus, ainda que seja composta por seres humanos, e não podemos estar unidos a Cristo sem estarmos unidos à sua Igreja. Àquela Igreja que Ele mesmo fundou e se sacrificou por ela.

Jesus fundou a Igreja para que realizemos plenamente nossa vocação, nossa plenitude. Só na Igreja podemos realizar todos os propósitos para os quais Deus nos criou.

Na Igreja temos os Sacramentos que são sinais visíveis da presença de Cristo entre nós. Eles são uma maneira concreta de estarmos unidos à Cristo. Quando recebemos o corpo de Cristo, nos unimos a Ele totalmente, fazêmo-nos um com Ele.

2. Para dar frutos, precisamos cultivar as raízes

A saúde de uma árvore depende da raiz. Nós precisamos ter raízes muito boas. 

Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos.

(Jeremias, 17, 7-8)

Essa é a imagem daquele que permanece unido a Cristo. E nós desenvolvemos essas raízes através da oração, da meditação, da frequência aos sacramentos.

Se estamos com raízes profundas em Cristo, nós suportamos todos os momentos de provação sem nos afastarmos de Deus.

2. Para dar frutos, precisamos colaborar com Deus

“Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais frutos ainda.”

(João 15, 2)

Deus está trabalhando em nossa vida e precisamos dar frutos. Frutos de conversão, frutos de benefício à vida das pessoas que nos rodeiam. O ramo que não dá fruto, Deus corta e lança ao fogo.

Contudo, quando damos fruto, Deus poda. E há uma diferença grande entre cortar e podar.

Há muitas coisas que temos que podar em nossa vida para produzir frutos. Por exemplo, cortar as coisas que não são necessárias, cortar a perda de tempo, as coisas superficiais, que podem não ser ruins, mas nos fazem perder tempo e nos afastam de Cristo.

Mas, também precisamos podar as coisas que realmente são ruins, os pecados, as imperfeições, que concretamente nos afastam de Deus. Os pecados secam nossas raízes e nos afastam de Deus.

A poda também não pode ser confundida com punição. Ainda que as podas de Deus se manifestem através das provações que enfrentamos em nossa vida, elas existem para que possamos produzir mais frutos.

3. Para dar frutos, temos que esperar a colheita

Os frutos não surgem da noite para o dia. Existe um processo de crescimento em toda natureza e também em nossa vida espiritual. Deus criou processos para todas as coisas.

Se quisermos colher um fungo, ele cresce de um dia para o outro, mas para termos um bom carvalho, uma boa árvore, o processo, dura anos.

“Trabalhai na vossa salvação com reverência e temor a Deus, pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade.”

(Fil. 2, 12-13) 

Primeiro, Paulo diz “Trabalhai” e depois diz “Deus é quem produz em vós tanto o querer como o realizar”. São as duas coisas. A graça de Deus e a liberdade humana em colaboração.


Assista à homilia do Pe. Rodrigo Hurtado LC, na íntegra, através de seu canal de YouTube, ou tenha acesso a um conteúdo de Estudo Bíblico da liturgia dominical do ano todo com o curso Conhecer e Viver a Bíblia, que está em nossa loja aqui no site.