No último domingo, Pe. Rodrigo Hurtado LC, em sua homilia, nos ajuda a ver que a liturgia nos permite aprofundar, sobre as atitudes e disposições interiores para a oração. Todos queremos ser escutados na oração, mas isso exige determinadas atitudes e disposições interiores. Por isso, Jesus nos deixa uma parábola muito breve, mas muito profunda sobre o tipo de oração que Deus gosta responder.

Dedique um tempo exclusivo para a oração

A parábola de Jesus começa com estas palavras: “Dois homens subiram ao Templo para rezar” (Lucas 18, 10) Tanto o fariseu como o publicano fizeram uma pausa no seu dia para ir ao templo a orar. Isto pode passar despercebido, mas é ponto de partida.

Não podemos estar unidos a Deus se não dedicamos a cada dia um tempo específico para a oração. Só quem dedica tempo para a oração diária, quem sabe parar e dedicar um tempo exclusivo para Deus pode dizer que vive unido a Deus.

Algumas pessoas dizem: “Padre eu oro durante todo o dia. Sempre estou falando com Deus.” Isso está bem, mas a oração não consiste em elevar um pensamento para Deus a cada certo tempo ou falar para Deus enquanto fazemos outra coisa. A essência da oração não é falar, mas ouvir, escutar a Deus.

Como escutamos a Deus? Basicamente lendo as Sagradas Escrituras. Nela Deus nos ensina como orar, o que orar, onde orar, quando orar, porque orar e todas as condições para orar.

Quanto mais lemos e estudamos a bíblia, mais escutamos a voz de Deus e mais respostas encontramos para nossas orações. Mas, de novo, para isso precisamos dedicar um tempo diário à oração.

Se nós aprendêssemos esse hábito da oração diária, da meditação da Palavra de Deus diária, isso teria o poder de revolucionar toda nossa vida. Você conseguiria lidar melhor com problemas e estresse, teria mais luz para tomar suas decisões, as grandes e as pequenas, teria um conhecimento muito mais profundo de si mesmo e de suas capacidades, do propósito de Deus para sua vida, viveria com menos medo e mais confiança em Deus, etc.

“Então me invocareis e chegareis a mim para orar, e Eu vos darei toda a atenção. Vós me buscareis e me encontrareis, quando me buscardes de todo coração.”

(Jeremias 29, 12)

há duas coisas envolvidas para a realização dos planos de Deus:

Dois fatores: o tempo de Deus e a minha oração. Se falta algum desses elementos, os planos de Deus podem ficar frustrados.

Não se compare com os outros, compare-se com Deus

A segunda coisa que temos que fazer para que Deus escute nossa oração é focar em Deus, não em nos comparar com as outras pessoas.

O evangelho diz: “O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens. […] O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!” (Lucas 18, 11)

Você percebe a diferença de foco entre os dois? O fariseu não está olhando para Deus, está olhando para os outros e se comparando com os outros e se sentindo superior aos outros porque ele dá esmola, faz jejum, faz orações.

Em contrapartida, o cobrador de impostos se compara com Deus e se sente terrivelmente pecador.

Esse é o segredo da humildade. A santidade não se mede comparando-nos com as outras pessoas. A entrada no céu não é como o exame de vestibular. Se você está acima da média entra… não.

A entrada no céu, exige de cada um de nós a santidade de Deus. Então é com Ele que temos que nos comparar. Por isso, Jesus dizia: “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.” (Mateus 5, 48)

Confesse seus pecados com humildade

“Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”

(Lucas 18, 14)

O cobrador de impostos sabe que não merece o perdão e a graça de Deus, por isso, está na melhor posição para receber o perdão e a graça de Deus. Porque a verdade é que nunca merecemos o perdão e a graça de Deus.

O perdão e a graça são as duas coisas que Deus nos dá o tempo todo. O perdão é quando Ele não nos dá o que de fato merecemos. A graça é quando nos dá o que não merecemos.

Expresse seus pedidos com sinceridade e simplicidade

Estas são mais duas disposições importantes. Além da humildade para reconhecer nossos pecados e nossos erros, temos que falar a Deus com o coração e fazê-lo com confiança.

A oração de repetição tem esse perigo. De tanto repetir vira paisagem, nos distraem, ficamos pensando em outra coisa quando oramos. Obviamente Deus pode valorizar o fato de que estamos dedicando um tempo, mas é uma oração com muito pouco valor.

Para Deus não é importante quanto seja bonita sua oração, quanto seja solene ou com palavras muito cultas… a Deus importa a sinceridade da oração. De nada serve dizer as palavras certas com os sentimentos errados.

Mostre sua seriedade com obras

Não basta pedir. Nossa vida tem que ser coerente com nossa oração. Do contrário, Deus não leva a sério nossos pedidos.

Uma antiga tradição da igreja aponta também para o jejum como um caminho que fortalece a oração. Quando oramos e jejuamos, estamos mostrando a Deus com nosso sacrifício que o que pedimos é importante para nós.

A tradição da igreja ensina o jejum, ou seja, não comer entre comidas e nas comidas, comer pouco. Também existe a abstinência, ou seja, não comer carne. Como se vê, se trata de sacrifícios pequenos, mas sacrifícios que mostram a seriedade de nossa devoção.

Conclusão

Cada uma dessas características da oração são importantes para que Deus escute e nos responda nossa oração. Jesus termina a parábola dizendo:

“Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não.”

(Lucas 18, 14)

Um último segredo que temos que levar em conta é dar graças a Deus por tudo o que Ele nos concede sempre. Ser grato a Deus é mais uma expressão de humildade, mas uma expressão muito agradável a Deus.

  • Assista à homilia completa com Estudo Bíblico do Pe. Rodrigo Hurtado LC no link abaixo: