O Evangelho deste domingo nos leva a contemplar um dos encontros de Jesus com seus discípulos após a ressurreição. Nesse episódio, aproveitando-se da dúvida de Tomé, Jesus nos mostra as provas da ressurreição.

A verdade é que a incredulidade de Tomé foi mais útil para nós do que a fé dos outros, ainda que não saibamos se eles também não traziam dúvidas em seu coração como Tomé. E o mais interessante desse texto do Evangelho, cheio de detalhes, é que Jesus não se escandaliza com sua necessidade de prova de Tomé. 

Jesus volta, oferece as chagas de suas mãos para Tomé tocar, a chaga de seu lado para Tomé introduzir sua mão e comprovar que era Jesus realmente ressuscitado. Jesus sabe que precisamos de provas.

Jesus sabia disso, e por isso, terá que aparecer muitas vezes para eles conseguirem acreditar.

“Depois do seu martírio, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas incontestáveis da sua ressurreição. Aparecendo-lhes por um período de quarenta dias seguidos e ensinando-lhes acerca do Reino de Deus.” (Atos 1, 3)

Provas da Ressurreição

Os testemunhos da ressurreição

A primeira prova é o próprio testemunho dos apóstolos. São Lucas começa seu evangelho falando desses testemunhos. Ele começa assim:

“Querido Teófilo, tendo em vista que muitos já se empenharam em elaborar uma narrativa histórica sobre os eventos que se cumpriram entre nós, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares dos fatos […] eu, pessoalmente, investiguei tudo em minúcias, a partir da origem e decidi escrever-te um relato ordenado. E isso, para que tenhas plena certeza das verdades que a ti foram ministradas.” (Lucas 1, 1)

São muitos testemunhos convergentes: Em primeiro lugar não se trata de um único testemunho. São muitas pessoas que afirmaram ter visto Cristo. Isto reforça o testemunho. 

Normalmente num juízo, basta a palavra de três testemunhas para que algo seja confirmado. Aqui não se trata de três testemunhas, mas de muito mais. São Paulo nos descreve isto na sua carta aos coríntios:

“O que primeiramente vos transmiti foi o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, conforme as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Mais tarde apareceu a Tiago, e a todos os apóstolos. E, depois de todos, apareceu igualmente a mim, como a um que nasceu fora do tempo. ” (1 Coríntios 15, 3)

São testemunhos detalhados: Este é outro aspecto do testemunho dos apóstolos. No caso da ressurreição de Jesus, os apóstolos narram todos os detalhes pensáveis: a pedra rodada, os anjos, a aparição a cada apóstolo, as palavras de Jesus, as chagas, o peixe que comeu, a caminhada até Emaús, a aparição no mar de Galileia, etc.

São testemunhos recentes: Os evangelhos e as cartas de São Paulo foram escritas entre os anos 45 e 90 dC. Ou seja, os que escreveram esses testemunhos são pessoas que estão muito próximas dos fatos, falam de algo que todo mundo sabe naquela época. Vários deles são testemunhas oculares como João, Mateus, Pedro…

A conversão dos apóstolos

A segunda prova da ressurreição é a incrível mudança de ânimo dos apóstolos. Depois da morte de Cristo, os apóstolos estavam desanimados, decepcionados, desiludidos. Eles estavam com medo, escondidos, completamente arrasados.

Entretanto, o que aconteceu naquela manhã de domingo mudou por completo os apóstolos. De homens temerosos e inseguros se converteram em homens arrojados e corajosos. De homens rudes e incultos, se converteram em homens que discursam diante do povo e diante dos sacerdotes do templo. De homens derrotados e vencidos, se convertem em homens que estarão dispostos a tudo para anunciar o nome de Jesus e continuar seu legado.

“O que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam a respeito da Palavra da Vida. A Vida se manifestou, nós a vimos e dela testemunhamos.” (1 João 1, 1)

O sudário de Turim

Finalmente há uma outra prova, uma relíquia, que acreditamos que tenha sido deixada por Cristo para os homens e mulheres do século XXI, tão necessitados, como Tomé, de provas e evidências.

O santo sudário é um pano de 4 metros no qual aparece a imagem frontal e dorsal de um homem que foi ferozmente torturado, flagelado, coroado de espinhas e crucificado. O homem do sudário deve ter uns 30 anos de idade. Podem ser observadas chagas nas mãos e nos pés e uma ferida grande no coração. Não sabemos quem é, mas há indícios muito fortes que apontam a Jesus.

O próprio João, fala de um lençol que envolveu o corpo de Jesus. 

“Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus costumavam fazer na preparação para a sepultura. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, […] Ali, por estar perto, puseram a Jesus” (João 19, 40)

João foi testemunha ocular de tudo o que aconteceu no Calvário. Desde a ressurreição o lençol foi conservado pelos cristãos como uma valiosa relíquia.

A imagem não está pintada. Não existe pigmentação. Trata-se de uma camada muito fina sobre o tecido. O lenço está levemente queimado. A conclusão dos cientistas é que uma intensa radiação por um espaço muito breve de tempo, imprimiu a imagem sobre o tecido.

João diz que quando viu os lenços, creu. Esse mesmo efeito poderia produzir em nós o testemunho e os estudos feitos sobre o sudário. Que vendo eles como testemunhas da ressurreição, também nos ajude a acreditar como João.

“Chegou Simão Pedro […] e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados, e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.” (João 20, 6)


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