Entender como era a Terra Santa no tempo de Jesus é, provavelmente, uma das perguntas mais comuns quando pensamos na Terra Santa.

Talvez seja esse o questionamento mais válido, principalmente para aqueles que vão em peregrinação para lá.

Habita em nosso imaginário, alimentado pela leitura das Sagradas Escrituras e pelos filmes com temática bíblica.

A imagem de uma terra árida, com um contexto econômico desigual e uma realidade político-religiosa bem peculiar.

De certa forma, aquela Terra Santa que habita a nossa imaginação é bem semelhante a Terra Santa histórica.

A partir da conquista da Palestina pelo General Romano Pompeu, em 63 a.C, a região da Palestina passou a ser território do Império Romano.

A Palestina tornou-se então uma província semi-autônoma, pois as autoridades locais mantiveram-se, sujeitando as suas leis à lei civil do Império e devendo pagar tributo a Roma.

Os impostos cobrados pelo Império eram uma forma de manter as regiões dominadas sob controle, dessa forma era muito comum a realização de recenseamentos (como vemos em Lc 2, 17) para, a partir da mensuração do aumento populacional se pudesse ter mais controle sobre a cobrança dos impostos.

Constante tensão política e religiosa

Justamente por ser uma província semi-autônoma as tensões entre as diversas correntes religiosas e políticas eram muito comuns naquele tempo.

Havia o Sinédrio, composto por 71 membros, tendo um Sumo-sacerdote como seu líder. Funcionava como uma espécie de senado e atuava na aplicação da observância das leis e da ordem entre o povo judeu.

Nesse contexto, existiam os partidos político-religiosos como  os fariseus, zelotas, saduceus e essênios, que disputavam entre si para dominar e influenciar o povo através das práticas religiosas.

O próprio Jesus alertava o povo a ter cuidado

O próprio Jesus alertava o povo a ter cuidado com o “fermento dos fariseus”, já que eles impunham ao povo um pesado fardo, mas sobre si não carregavam nenhum, pois não cumpriam os preceitos religiosos que eles mesmos determinavam.

Os pontos de maior tensão político-religiosa eram a dicotomia entre a observância da Lei Mosaica/ cumprimento das leis romanas e a constante cobrança de altos impostos que oprimiam o povo.

Havia também a questão de dar a povos pagãos o fruto do trabalho sagrado, pois eles entendiam que as primícias do seu trabalho deviam ser dadas a Deus e os impostos eram como se fossem uma espécie de “dízimo” dado aos adoradores de outros deuses.

À espera de um messias salvador.

Por causa de toda essa problemática que muitos “messias” apareceram naquela época, com a promessa de libertar o povo da opressão e da escravidão dos pagãos.

Prometendo-lhes uma terra onde não mais precisariam pagar impostos a povos adoradores de deuses estranhos, um lugar onde não haveria mais fome, pobreza, dor.

Eles prometiam um reino imanente, um reino do aqui e agora.

Foi nesse contexto que Jesus nasceu, cresceu, viveu a sua vida pública, Paixão, Morte e Ressurreição.

O verdadeiro Messias, O Esperado, veio com a promessa de um Reino que não terá fim, além dos limites dessa terra, a verdadeira Terra Prometida de onde mana leite e mel.

Lá haverá um lugar onde “não haverá morte, choro ou dor porque todas essas coisas passaram” (Ap 21).

Assim era a Terra Santa no Tempo de Jesus.