O Sábado Santo é um dia único no calendário litúrgico da Igreja Católica. É um dia de espera e esperança, marcado pelo silêncio e pela expectativa da ressurreição de Jesus Cristo.

Neste dia, a Igreja nos convida a refletir sobre o mistério do túmulo silencioso, enquanto aguardamos a celebração da Páscoa, a festa da ressurreição de Cristo.

São Tomás de Aquino nos ensina sobre a importância do Sábado Santo como um tempo de espera paciente e confiante. Ele nos lembra que, assim como Jesus permaneceu no túmulo naquele dia, aguardando o momento da sua gloriosa ressurreição, nós também somos chamados a esperar com paciência e fé nas promessas de Deus.

“O Sábado Santo é um dia de espera, mas também de esperança. É o dia em que, mesmo no silêncio aparente, podemos confiar na fidelidade de Deus e na certeza da sua vitória sobre o pecado e a morte.

Mas Cristo não está inerte neste Sábado Santo. Sua presença não é sentida entre nós, mas Ele tem uma missão ainda a cumprir e o saudoso Papa Bento XVI nos ajuda a compreender essa missão de Nosso Senhor.

A porta da morte está fechada, ninguém dali pode voltar para trás. Não existe uma chave para esta porta férrea. Cristo, porém, possui a chave. A sua Cruz abre de par em par as portas da morte, as portas irrevogáveis. Elas agora já não são intransponíveis. A sua Cruz, a radicalidade do seu amor é a chave que abre esta porta. O amor d’Aquele que, sendo Deus, se fez homem para poder morrer – este amor tem a força para abrir esta porta. Este amor é mais forte que a morte. Os ícones pascais da Igreja oriental mostram como Cristo entra no mundo dos mortos. A sua veste é luz, porque Deus é luz. “A noite é clara como o dia, as trevas são como a luz” (cf. Sl 139 [138], 12). Jesus que entra no mundo dos mortos leva os estigmas: as suas feridas, os seus padecimentos tornaram-se poder, são amor que vence a morte. Ele encontra Adão e todos os homens que esperam na noite da morte. À sua vista parece até ouvir a oração de Jonas: “Clamei a vós do meio da morada dos mortos, e ouvistes a minha voz” (Jn 2, 3). O Filho de Deus na encarnação fez-se uma só coisa com o ser humano – com Adão. Mas só naquele momento, em que cumpre o extremo ato de amor descendo na noite da morte, Ele cumpre o caminho da encarnação. Com a sua morte Ele leva Adão pela mão, leva todos os homens em expectativa para a luz.” (Bento XVI, Sábado Santo 7 de Abril de 2007)

Portanto, como católicos, neste Sábado Santo, somos chamados a entrar no mistério daquele túmulo com humildade e esperança. Devemos aproveitar este dia de silêncio para refletir sobre o significado da morte e ressurreição de Cristo em nossas vidas, renovando nossa fé e nossa confiança na redenção que Ele nos trouxe.