Chegou a vez de falar das tentações que nos levam diretamente ao pecado, fica, então, a pergunta: por que somos tentados tão frequentemente? Existem alguns motivos que precisam ser enumerados:

Livre-arbítrio

O primeiro ponto é que, já discutimos este tema anteriormente aqui(linkar texto livre-arbítrio), somos seres dotados de liberdade para pensar e agir e por isso estamos abertos à tentações de todos os tipos.

Adão e Eva podiam fazer tudo, eram livres para circular, comer e fazer o que quisessem, só existia uma proibição:

“Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.” (Gênesis 3, 3)

Mesmo assim, por serem livres, caíram na tentação da serpente e desobedeceram a Deus. Esse foi o primeiro dos grandes males da humanidade. E isso nos leva ao segundo ponto…

Pecado original

Essa decisão de Adão e Eva desorganizou nossa natureza, de modo que ficamos muito mais propensos a cometer o mau. Depois desse dia a humanidade nunca mais foi a mesma. O mal se espalhou pelo mundo.

As portas do céu se fecharam para nós e o que sobrou foi a carne, a soberba e orgulho, ganância e ambição, luxúria e adultério. Resumindo, ao invés de usufruirmos da liberdade para chegar a Deus, agora nos tornamos escravos dela e por isso é correto afirmar que quanto mais perto de Deus estamos, mais livres somos.

Esse é o perigo de nos afastarmos da graça de Deus, ficar cada vez mais imersos em trevas, completamente cegos.

Má compreensão da realidade

Essa cegueira é a causa do terceiro motivo das tentações. As tentações têm sim uma função, uma vez disse Orígenes de Alexandria:

“Para alguma coisa a tentação serve. Todos, com exceção de Deus, ignoram o que nossa alma recebeu de Deus, até nós mesmos. Mas a tentação o manifesta, para nos ensinar a conhecer-nos e, com isso, descobrir-nos nossa miséria e nos obrigar a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou”

As tentações simbolizam a luta entre o bem e o mal, a fé e a dúvida, a obediência e a rebeldia. Entre os episódios mais emblemáticos dessa narrativa está a ida de Jesus ao deserto, onde, segundo os Evangelhos, após ser batizado por João Batista, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto. Lá, jejuou por quarenta dias e quarenta noites, e foi nesse estado de fragilidade física e fome que Satanás escolheu para tentá-lo.

Assim, cabe a nós, mais uma vez, enfrentarmos a tentação e encararmos como um desafio a ser superado. Podemos olhar para o mundo e pensar que os bons parecem sofrer bem mais que os maus, que estes acabam impunes.

O próprio mal cometido já é sua punição, se não aqui, na eternidade. Às vezes esquecemos que o poder e o dinheiro podem não ser coisas boas, se não forem usados para tal. Como um erro de compreensão, fazemos uma má interpretação da realidade.

Quem está perto de Deus sabe a verdade, e tem a capacidade de compreender que a única bondade é aquilo que vem de Deus. Só Nele podemos confiar 100%.