Esse é um questionamento constante em relação a esse lugar tão importante e tão sagrado para as três maiores religiões monoteístas do mundo. Parece realmente ser contraditório que a Terra Santa, pela própria força semântica da palavra, seja palco de tantos conflitos e derramamento de sangue.

Mas se analisarmos bem, tendo um olhar histórico sobre a região, desde os tempos do Rei Davi, que tomou o território das mãos dos Jebuseus para ali instalar a Yerushaláyim (Jerusalém – a cidade da paz) e fazer dela a capital do Reino Unido de Israel (junção dos reinos do Norte e do Sul – Israel e Judá respectivamente). Para o estabelecimento da Cidade do Rei foi preciso uma batalha…

A Terra Prometida

Desde pelo menos 5.000 a.C aquela região foi palco de inúmeras guerras, uma diversidade de povos ali batalhou para estabelecer domínio e morada naquelas terras secas.

Para o povo judeu aquela era a terra prometida por Deus, na verdade É a terra da promessa para eles, da mesma forma os muçulmanos também acreditam que aquele lugar os pertence pois, segundo Maomé, eles são descendentes de Ismael (filho mais velho de Abraão com a sua escrava Hagar, mas com o nascimento de Isaque, filho de Sara, esposa legítima de Abraão e que era considerada estéril, perdeu sua primogenitura).

Podemos ver, a partir do relato de Gn. 16, 1-2 citado acima, que há uma “rixa” entre Judeus e Muçulmanos, a partir do direito da primogenitura e do direito à terra que havia sido prometida por Yahweh aos descendentes de Abraão (Gn 12, 1-3). Essa questão “familiar” é o cerne dos conflitos até hoje.

Ambos os descendentes de Abraão reivindicam o seu direito natural àquela terra, outrora prometida pelo próprio Deus como sendo o lugar da sua habitação. Tanto os filhos de Abraão quanto o Próprio Senhor habitariam naquele lugar.

Terra cobiçada por muitos povos.

Dos Cananeus à ocupação Anglo-Francesa na 1ª Grande Guerra Mundial, passando por hebreus, filisteus, assírios, babilônios, egípcios, macedônios, gregos,  romanos, bizantinos, turcos seldjúcidas, cavaleiros cruzados, mongóis, mamelucos, árabes muçulmanos até os atuais conflitos, pelo menos 15 povos ocuparam aquela terra. São milênios de conflitos e guerras pela posse daquele território.

Por ser um importante corredor que liga a África ao resto do Oriente Médio, geopoliticamente o território da Terra Santa é muito importante. Talvez seja esse um dos motivos de tantos povos lutarem por ela.

Sete guerras aconteceram no período que compreende os anos 1948 a 2000, todas elas tendo a questão do domínio da terra e direito à posse pela primogenitura da descendência de Abraão como motivo principal, mesmo que disfarçado de outros motivos, a questão da posse da Terra Prometida é o “cerne” de todas essas disputas.

A Terra Santa pertence aos que creem.

Retornando à questão da primogenitura, somos todos descendentes de Abrãao, quer sejamos Judeus, Muçulmanos ou Cristãos, aquela é o porção de terra dos que creem.

Para nós Cristãos, a Jerusalém localizada na Terra Santa é um lugar de importância singular, por ser o solo tocado pelos pés de Cristo e fecundado com o seu Preciosíssimo Sangue, por isso que peregrinamos até lá. Para tocarmos o mistério da Salvação e da Encarnação do Verbo que quis habitar em nosso meio e que escolheu aquele lugar para viver.

A Terra Santa, a Jerusalém terrestre é para nós a figura da verdadeira Terra Prometida, da Jerusalém Celeste, do lugar verdadeiro que emana a Verdadeira paz, não a paz ausência de guerra, mas a Paz como uma pessoa: Jesus Cristo Nosso Senhor, o Príncipe da Paz!