Ao nos depararmos com aquele famoso diálogo em que Jesus nos convida a aprendermos com Ele, que “é manso e humilde de coração”, ficamos pensando sobre a humildade de Jesus. Até porque, essa afirmação parece, por si só, uma contradição.

Como é possível Jesus dizer para as pessoas aprenderem com Ele, que é manso e humilde de coração (Mateus 11, 29), e isso não soar como uma manifestação justamente contrária à humildade? Por que Jesus pode se dizer humilde e realmente ser humilde?

Na verdade, Jesus nunca disse para seus discípulos: “aprendei de mim a fazer milagres”, ou “aprendei de mim a multiplicar os pães”. Isto é, para Jesus, os milagres e acontecimentos extraordinários eram apenas consequência de sua missão, mas Ele queria nos ensinar essas virtudes, a mansidão e a humildade.

A Humildade de Jesus

Mas, deixemos a mansidão para outro texto, pois também é um tema muito profundo e vamos refletir sobre a humildade de Jesus.

Santa Teresa D’Ávila era contundente ao afirmar que a humildade é a virtude da verdade. Uma pessoa humilde não é uma pessoa que se faz derrotada, cheia de autocomiseração, mas é aquela pessoa que sabe reconhecer os dons que Deus lhe deu, suas virtudes e, claro, seus defeitos e imperfeições.

No caso de Jesus, Ele é o Filho de Deus e, portanto, não tem pecados, defeitos ou imperfeições, o que lhe dá todo o direito de se reconhecer humilde. E, ao nos debruçarmos sobre sua vida, vemos as atitudes que confirmam a humildade de Jesus. Atitudes que nós também podemos exercitar em nossa vida.

Mesmo sendo Deus, Ele tratava as pessoas com respeito e compreensão. E isso podemos ver em todo o Evangelho. Como também foi sagaz com aqueles que eram hipócritas e precisavam de um chacoalhão na vida para que deixassem seu orgulho.

Quando Ele foi traído ou ficou desapontado com as pessoas, Ele não julgou, e vemos o ápice dessa sua atitude quando, no alto da cruz, pede ao Pai que perdoe seus algozes, porque eles não sabiam o que estavam fazendo.

A maior prova da humildade de Jesus

Mas, a maior prova da humildade de Jesus nós contemplamos justamente quando meditamos sobre o Natal. É diante do Menino Jesus, envolto em faixas, deitado sobre uma manjedoura, numa pequena cidade do Oriente Médio, que entendemos aquilo que São Paulo falou aos filipenses:

“Sendo Ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens”.

(Filipenses 2, 6-7)

Para nos salvar, Jesus, que era Deus e já existia com o Pai e o Espírito Santo desde toda a eternidade, quis despojar-se de sua condição divina para se tornar um de nós.

Para falar conosco, Ele se tornou homem, foi gestado, nasceu, cresceu nas mesmas condições que qualquer bebê humano, em uma família humilde. Sofreu o drama do exílio e da perseguição política, sentiu dores e sofreu conosco.

Para nos ensinar seu amor, ele quis falar nossa linguagem. Para que pudéssemos perceber aquilo que devíamos fazer para viver em felicidade sem fim, Ele mesmo veio nos ensinar cada passo.

Sua morte na cruz, foi mais um passo em seu caminho de humildade. Pois, a humildade carrega consigo uma outra virtude, a da obediência. Jesus foi obediente aos planos do Pai, até à morte. E foi obediente porque era humilde.

Os desobedientes são orgulhosos por consequência. A desobediência, inaugurada pelo demônio, nada mais era do que a manifestação prática de seu orgulho. Foi plantando o orgulho no coração de nossos primeiros pais, que ele também conseguiu que desobedecessem a Deus, resultando no Pecado Original.

Conclusão

Portanto, se queremos compreender a humildade de Jesus, é preciso que olhemos para o presépio, para os acontecimentos que envolveram o Natal. Só assim compreenderemos aquilo que Ele nos pede para que aprendamos dele.

Nesse sentido, um auxílio muito eficaz para que descubramos essa humildade é meditarmos os mistérios do Natal e, para isso, há uma série de áudios no app de meditações Seedtime, de autoria do Pe. Rodrigo Hurtado, LC, que nos leva a mergulhar fundo neste mistério.

O Grande Presente de Natal é uma série de meditações que irá nos guiar numa caminhada junto a Maria e José, em sua peregrinação até Belém, junto aos Reis Magos, aos pastores e, especialmente, nos colocar diante da manjedoura, o berço de um Deus humilde.