As pessoas costumam pensar que Deus é o contrário de liberdade, que são muitos dogmas e regras que nos restringem bastante. A questão é: nos restringem do quê? Será que, na verdade, elas não nos protegem do mal?

O tema do livre arbítrio foi sempre muito discutido dentro da Igreja e, principalmente na idade média, entre os filósofos medievais como Agostinho, Boécio e Tomás de Aquino era um tema bastante debatido.

Afinal, as dúvidas a respeito desse tema nos cativam muito a tentar encontrar uma resposta. Na Consolação da Filosofia, de Boécio, encontramos as perguntas mais recorrentes sobre o livre arbítrio.

O filósofo afirma que, na sua opinião, o fato de Deus conhecer todas as coisas e, ao mesmo tempo, o livre arbítrio existir são afirmações contraditórias. Afinal, se Deus sabe de todas as coisas previamente, tudo que acontece está conforme a sua providência, já que Deus não pode se enganar.

Se isso fosse verdade, as consequências seriam muito sérias. Seria, por exemplo, em vão punir os malfeitores e recompensar os benfeitores, pois eles não são levados a fazer o bem e o mal por sua própria vontade, daí provém que nossas más ações são causadas pelo divino, e isso não pode estar certo.

Ou seja, o livre arbítrio existe, sim! São Tomás de Aquino reconhece todos esses problemas e consequências, e por isso é veemente em afirmar que o homem possui livre arbítrio. São Tomás afirma que existem coisas que agem sem julgamento, como pedras que rolam para baixo. Existem, também, outras coisas que agem com julgamento, apesar de não ser livre, como os animais.

Já o homem, este, sim, julga livremente e com julgamento. A maior prova disso é que decidimos fugir ou procurar algo, a razão inclusive pode seguir para direções opostas, assim é necessário que o homem seja dotado de livre arbítrio.

Então, todos os homens têm a capacidade de julgar, mas alguns julgam melhor do que outros. Quanto mais perto estamos de Deus, mais livres somos e quanto mais perto dos corpos, da carne e dos vícios, ficamos escravos da liberdade. Na bíblia podemos encontrar isso claramente em João 8, 32:

“Conheceis a verdade e a verdade vos libertará”

O ser humano tem grandes problemas quando se trata de julgar aquilo que é bom de fato, e por isso é preciso confiar em Deus, pois somente ele sabe de toda a verdade. Por exemplo, servir os outros, praticar a caridade, é uma grande forma de liberdade. Podemos ler em Gálatas 5, 13:

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”

Porque, como sabemos, fazer bem ao próximo também é fazer o bem para nós e para Deus. Estamos no mundo para espalhar o amor e a palavra, e o melhor jeito de fazer isso é com nossos atos.

Concluindo, nós somos livres e, quanto mais perto estamos de Deus, maior nossa liberdade.