Neste último domingo do Tempo Comum, em que a Igreja comemora a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, Pe. Rodrigo Hurtado LC nos apresenta a pessoa de Jesus Rei e o que compete a nós nesse Reinado de Nosso Senhor.

No evangelho de hoje, vemos os judeus zombando de Jesus porque sua humildade lhes escandaliza. Os romanos zombando de Jesus porque sua pobreza lhes parece uma loucura. O bandido zombando de Jesus porque não pode crer que exista algum deus fora das riquezas e dos prazeres deste mundo – começa explicando o Pe. Rodrigo.

Jesus está morrendo na cruz e ninguém compreende sua visão. – reforça.

Ainda hoje não compreendemos a visão de Jesus. A cruz, aos olhos do mundo, segue sendo um fracasso. Se Cristo fosse prosperidade econômica, prazer, poder, fama ou reputação, então teria mais seguidores. Mas Cristo segue sendo cruz e segue escandalizando a muitos.

Mas, Cristo morre na cruz pela unidade de seu reino. A essência de sua visão é uma grande família unida pelo amor. Nada é tão importante para Cristo como a unidade, por isso, em Cristo, não há vencedores e vencidos, mas apenas amor, entrega e serviço.

Nossa Parte na Visão de Cristo Rei

1. Foque no que nos une, não no que nos divide

“Esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e ao aperfeiçoamento mútuo. Não destruas a obra de Deus.” (Romanos 14, 19)

Gostaria de destacar a expressão “esforcemo-nos em promover”, ou seja, Paulo está dizendo “concentre-se”, “foque”, “coloque sua máxima atenção” nisto. Qual é o objeto desse esforço? a unidade. A unidade não é algo que acontece por casualidade, mas fruto de um esforço comunitário.

Como construir essa unidade? Focando nos que nos une, nas coisas que temos em comum, não no que temos diferentes.

O que temos em comum? Em Efésios 4 São Paulo menciona 7 grandes coisas que temos em comum.

“Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.” (Efésios 4, 4)

Compartilhamos a mesma misericórdia, o mesmo destino, a mesma caridade, a mesma vida, o mesmo futuro. Tudo isto é muito mais importante que nossas diferenças: nossa procedência, nossa língua, nossa cultura, nosso sexo, nossa raça, nosso status social, nossa idade.

Inclusive temos que lembrar que até as diferenças vêm de Deus. As diferenças foram criadas por Deus para enriquecer o mundo. A diferença é uma oportunidade, não um obstáculo. As diferenças são dons de Deus. Unidade não significa uniformidade.

A unidade depende desses dois fatores: um propósito comum e depois focar e trabalhar pela unidade ao redor desse propósito comum.

2. Trabalhe sempre pela unidade

A unidade não é algo que acontece por casualidade. Temos que trabalhar pela unidade e temos que fazê-lo sempre. São Paulo aconselhava isto aos Efésios:

“Suplico-vos que andeis de modo digno para com o chamado que recebestes, com toda humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando cuidadosamente manter a unidade do Espírito no vínculo da paz.” (Efésios 4, 1)

Lendo este texto, ficamos com a impressão de que é necessário esforço para manter a unidade, que não é algo que alcancemos sem sacrifício. O mesmo vale para o matrimônio, para a família, para qualquer relação. Na Igreja não é diferente. Só conseguiremos a unidade quando a busquemos intencionalmente.

3. Seja realista nas expectativas

Quando temos expectativas fora da realidade, isso causa decepção e divisão. No matrimônio vemos isso com clareza. Quem esperava um matrimônio perfeito, viver sempre no romance… cedo ou tarde e mais cedo que tarde, bate de frente com a realidade e se decepciona.

Na Igreja não é diferente. A Igreja é composta por homens, e homens que são pecadores. Nunca será uma Igreja perfeita. Não existe uma congregação perfeita. Quando você junta muitas pessoas imperfeitas numa mesma igreja, o resultado deveria ser uma Igreja perfeita? Impossível!

O que temos que buscar é que a Igreja seja saudável, não perfeita. Saúde significa equilíbrio, propósito, que esteja completa, mesmo que com imperfeições. Apesar dos defeitos e pecados, Cristo ama sua igreja, como ama a ti, apesar de teus pecados.

Maturidade significa a capacidade de viver com tensão. Seu matrimônio pode não ser perfeito, mas você consegue viver com essa imperfeição e tensão. Seu trabalho pode não ser perfeito, mas pela maturidade, conseguimos viver com isso. Pois o mesmo dizemos da Igreja: ela pode ser imperfeita, mas conseguimos viver com essa imperfeição, por quê? pela maturidade.

4. Ofereça ânimo em troca de crítica

Isto é muito anti cultural. São Paulo aconselhava aos romanos: “Esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e ao aperfeiçoamento mútuo.” (Romanos 14, 19)

Ajudar-nos uns aos outros através de encorajarmos uns aos outros com palavras de ânimo. As palavras têm uma enorme influência para bem ou para mal. Por isso, mais ânimo e menos crítica.

Vivemos numa cultura que coloca todo dia, na rádio e na TV, toda crítica sempre do modo mais ácido e negativo possível. Inclusive gosta de usar expressões exageradas, desproporcionais, hiperbólicas. É uma cultura do negativismo, da divisão, da polarização. O evangelho é justamente o oposto, a cultura da união, da conciliação, de encontrar os pontos comuns e falar as críticas de modo positivo.

Conclusão

Todos os dias de nossa vida temos que escolher viver uma vida centrada em nós mesmos ou centrada em Cristo. Quando a Igreja está unida, o poder de Cristo, pode transformar o mundo. Mas essa unidade é frágil e depende de cada um de nós. Quando dizemos “venha a nós o vosso Reino” estamos exortando a nós mesmos para construir a unidade com sacrifício e esforço diário.

“Tende todos vós o mesmo modo de pensar, demonstrai compaixão e amor fraternal, sede misericordiosos e humildes, não retribuindo mal com mal, tampouco ofensa com ofensa; ao contrário, abençoai; porquanto, foi justamente para esse propósito que fostes convocados, a fim de também receberdes uma bênção como herança.” (1 Pedro 3, 8)

Assista à homilia do Pe. Rodrigo Hurtado LC através de seu canal do Youtube no link abaixo. Você também pode ouvir a homilia no aplicativo de meditação católica Seedtime. Para baixá-lo para seu celular, acesse o link: https://iclbrasil.org/meditacao/