Nesta quinta-feira, Adriano Dutra recebe Álvaro Medeiros de Farias Theisen, que é Engenheiro, Empresário e Coordenador do Grande Projeto Missões, que irá falar sobre a grande realidade das missões Jesuítico-Guarani no sul do Brasil que foram, talvez, a maior experiência de evangelização já realizada dentro do cristianismo.

Álvaro Theisen ensina que as missões no sul do Brasil são um processo que se inicia com a chegada dos europeus no continente americano, por volta de 1540, com a conquista do império Inca e a descoberta do Rio da Prata. É preciso lembrar também que o Tratado de Tordesilhas colocava 90% do território da América do Sul nas mãos dos espanhóis, ainda que posteriormente Portugal tenha estendido suas fronteiras.

Isso fez com que os espanhóis buscassem assegurar esses territórios recém conquistados para o Rei da Espanha e nesse caminho, tentam construir um modelo de colonização totalmente novo. Esse modelo, que foi chamado de «encomiendas» era baseado na divisão do território espanhol, concedendo a uma pessoa a posse e o direito de utilizar inclusive a mão de obra indígena da região. Os abusos por parte dos espanhóis causaram revoltas na região. 

Nesse momento, a recém criada Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola envia, a pedido do Rei da Espanha, seus missionários para evangelizar e construir escolas para os indígenas na América do Sul. Os padres jesuítas, por sua vez, também não tinham um modelo de evangelização desenvolvido e começaram a construir esse modelo aqui na América. 

Theisen recorda que o projeto de evangelização dos jesuítas na América do Sul foi um processo “on job”. Eles desenvolveram sua metodologia de missões fazendo as missões. 

Já nos anos 1600, Pe. Roque Gonzales atravessa o Rio Uruguai e inicia a criação das primeiras reduções jesuítas no território do atual Rio Grande do Sul. Em dois anos, Pe. Roque funda entre 4 e 5 reduções jesuítas no sul do Brasil, especialmente no vale do rio Ibiqui. Theisen ainda explica que Pe. Roque, junto aos companheiros jesuítas Pe. Afonso Rodrigues e Pe. João de Castilhos são os primeiros e únicos santos canonizados que viveram no Rio Grande do Sul. 

Nesse período, portanto, foram estabelecidas 18 reduções jesuítas utilizando justamente os principais rios da bacia hidrográfica do Rio Grande do Sul. Os jesuítas também foram responsáveis por introduzir a pecuária na região, que até hoje é um dos pilares da economia gaúcha. Os jesuítas também introduziram a agricultura, a indústria têxtil, a viticultura e a siderurgia no sul do Brasil.

O entrevistado também ilustra que, ao contrário do que dizem os detratores das reduções jesuítas, os padres não dominavam os indígenas. A opção dos Guaranis há época era serem escravizados pelos “ecomienderos” e pelos bandeirantes ou viverem sob a proteção dos padres. Álvaro lembra também que nas reduções não vivam mais do que dois padres e mais um irmão jesuíta, e que nunca seriam capazes de dominar centenas ou milhares de guaranis.

O Grande Projeto Missões

Theisen conta que a história das missões jesuítico-guaranis era de conhecimento de quase todas as pessoas, especialmente no Estado do Rio Grande do Sul, mas não havia uma estrutura que fosse capaz de garantir a conservação dessa história de forma sistemática ou, até mesmo, a divulgação para as próximas gerações.

O Grande Projeto Missões surge da união de diversas ideias sobre a conservação desses sítios arqueológicos dos jesuítas sobre cinco pilares. O primeiro pilar é a infraestrutura turística para esses locais; o segundo pilar é uma forma de conseguir um financiamento constante para o projeto; o terceiro pilar é focado na educação e na forma como o tema das missões jesuítico-guaranis é ensinado nas escolas; o quarto pilar é justamente a preservação do patrimônio; e, por fim, o último pilar seria não mais se falar em 7 povos das missões, mas se falar em 30 povos, abrangendo também Uruguai, Argentina e Paraguai.

Para conhecer o Grande Projeto Missões a grande história das missões jesuítico-guaranis no sul do Brasil, assista o episódio completo do Café com Fé no link abaixo ou ouça nosso podcast através do aplicativo de meditações Seedtime ou através dos principais aplicativos de podcast.