Uma potência empreendedora adormecida
Nessa quinta-feira, 22 de abril, Adriano Dutra recebeu no Café com Fé o Frei Rogério Soares para um bate papo sobre as finanças e a potência empreendedora entre casais. O casal empreendedor é o tema do Podcast dessa semana do Instituo Católico de Liderança.
Frei Rogério, fundador da Pastoral do Empreendedor no Brasil, que já participou do Café com Fé em 2020, começa lembrando que «nessa pós pandemia, empreender como casal será uma ótima dica». «Teremos que usar as melhores saídas, as melhores oportunidades pós-pandemia. O casal, empreendendo junto, pode ir muito mais longe do que sócios comuns».
O Frei, que também é pároco em Brasília, reforça que «o casal é uma potencia empreendedora adormecida que, quando acorda, chega muito longe».
Ele recorda que há 3 ou 4 anos teve essa inspiração de que deveria olhar para os casais que empreendem e dar uma atenção especial para ajudá-los. «Existe pouquíssima coisa para casais que empreendem e existe muito mais possibilidades de dar certo do que dar errado o empreendimento no casal».
Frei Rogério, que fundou em Goiânia o Movimento de Casais Empreendedores, relembra os motivos pelos quais um casal tem maiores chances de sucesso ao empreenderem. «Primeiro porque num casal maduro, católico, existe a confiança, que é a base do matrimonio. A confiança também é a base do empreendimento. Quando há desconfiança, os processos tendem a ser muito complexos e isso pode atrasar investimentos ou inovações». Outro motivo é que ambos podem resolver com o mesmo grau de responsabilidade e confiança. «Como eles são uma só carne, espera-se que um não vá passar a perna no outro», exclama. Por fim, o fato de estarem juntos no mesmo lar, facilita as decisões sobre o negócio.
Obviamente, o Frei relembra que o casal «não vai ocupar o tempo inteiro em casa com o negócio, mas não pode perder a oportunidade de falar alguma coisa».
Adriano Dutra também também lembra que «os sócios têm as dificuldades em comum e o que há no meio é um contrato e pode até haver confiança, mas um casal tem o contrato, mas tem um casamento e deve haver o amor».
«A força do amor é um poder extraordinário», afirma o Frei Rogério. «Evidentemente, tem que se ter um cuidado para que a vida dos negócios não vá interferir nesse amor. Mas, o amor é quem vai dar a tônica ao empreendimento».
«Amor e perdão são outros dois elementos primordiais ao casal que empreende», esclarece o Frei, informando que o casal tem que superar também uma imaturidade, que é a competição. «Tem que haver uma conversa, uma admiração recíproca capaz de superar qualquer tipo de competição, porque essa competição dentro do negócio vai ser perigosa. Eles precisam unir forças na diferença, porque a riqueza do casal são as diferenças».
O Frei Rogério também revela que outro desafio que encontra é perceber no casal, quem tem o impulso empreendedor. Depois de identificar quem tem o sonho do negócio, o Frei busca alinha esse sonho para que ambos, marido e mulher, possam sonhar juntos. «O sonho para o empreendimento é fundamental». «O sonho sonhado por um pode levar a pessoa muito longe. Agora, o mesmo sonho, sonhado por duas pessoas que se amam… Por isso que eu digo que o casal é uma potência empreendedora adormecida».
Outro elemento que deve haver entre os cônjuges empreendedores é a comunicação. Frei Rogério diz que o casal tem que se comunicar bem e ainda ensina que «o grande potencial de um casal empreendedor é seu poder de comunicação, que vai além do que sócios comuns». «Porque, um casal, num olhar, num sentimento, sabe o que o outro quer dizer».
O sacerdote também diz que uma empresa de casal tem que ter tudo o que uma empresa comum precisa. «Planejamento estratégico, organização… isso é matemática, não mente, é razão. Aí sim, os números têm que ter sua importância, eles têm que dar a tônica do negócio também. O empreendedor se arrisca, mas é um risco calculado. O casal tem que sentar e ter planilha diante dos olhos, senão vai insistir em uma ideia que está difícil de largar. Os números precisam ser respeitados e serem vistos com cuidado».
Para o Frei, as ideias fixas precisam ser passadas pelo crivo da razão, dos números. «Quando a pessoa tem que pagar para trabalhar, o negócio está errado».
Outrossim, segundo Frei Rogério, «o empreendimento, para dar certo, tem que ser muito focado em venda. Às vezes, o casal, o empreendedor, se satisfaz fazendo e dá pouca importância à venda. Mas a venda é que coloca o negocio pra frente».
Adriano Dutra ressalta ainda que «é muito importante a humildade e caridade com o outro. Tudo aquilo que faz o casamento dar certo, temos que importar aqui para o negócio do casal».
«Alguém tem que ceder e embarcar no amor, na fidelidade e na humildade», completa o Frei, que escreveu os 10 mandamentos do casal empreendedor, «e um dos mandamentos é esse, a capacidade de ter humildade e ceder para abrir espaço e prevalecer a ideia do outro. Se erraram, os dois erraram juntos. Se acertaram, os dois acertaram juntos, mesmo que a ideia que prevaleceu seja de um dos dois».
Ao ser preguntado sobre os riscos para as finanças de um casal, empreenderem juntos, o Frei Rogério responde que «como empreender é correr risco, de fato, os dois empreendendo juntos tem sempre um risco que se corre. Isso é a essência do empreendedorismo». Mas, por sua vez, o Frei lembra que «quando os dois empreendem, são duas possibilidades de dar certo».
«O que eu digo para os empreendedores é que eu gosto de cuidar do empreendedor e não tanto da empresa», diz o Frei. «Mesmo, se a coisa não der certo, importa que os dois tem que estar inteiros. A empresa pode quebrar, mas o ser humano não pode quebrar. Aí está a diferença do casal católico, empreendedor, com espiritualidade, seguindo as leis divinas». «E, se eles estão inteiros, se não se quebraram junto com a empresa, como ser humanos eles vão empreender de outra maneira. Aí entra a dimensão da fé que é o principal motivo pelo qual eu falo de empreendedorismo».
«A espiritualidade cultivada abre a mente das pessoas para aquilo que o Espirito Santo está indicando», continua o Frei. «Pessoas não espiritualizadas agem sempre naquilo que é finito, naquilo que é pautado pelo mundo. As pessoas que cultivam uma espiritualidade estão abertas para moções, para estarem na fenda do Espirito Santo. Existe uma fenda dada pelo Espírito Santo, ou várias fendas. Se você entra nessas fendas você está caminhando no caminho certo».
O Frei compara a ação do Espírito Santo como a de um equipamento de GPS, que nos ajuda a chegar no destino de maneira mais rápida e acertada porque ele não vê só a rua em que estamos, mas tem uma visão do alto, de todas as vias possíveis na cidade. «O Espirito santo é aquele que vê de cima e pode dizer qual caminho a seguir».
Frei Rogério também falou sobre as “crenças limitantes” que podem levar um dos cônjuges empreendedores a um certo pessimismo. Essas crenças limitantes surgem geralmente na infância, segundo o Frei, pela fala de alguém, de uma mãe, um pai. Pessoas que trazem inconscientemente a crença de que “dinheiro não traz felicidade”, ao começarem a ganhar dinheiro em sua empresa, podem começar a sabotar o próprio negócio. Outra crença limitante é acreditar que não dá certo fazer negócio com o cônjuge. «Elas são reais, ainda que sejam invisíveis, no campo do inconsciente. Elas comandam sua vida», ensina Frei Rogério.
O Café com Fé também trouxe o tema da Inteligência Espiritual, que, segundo o Frei, «a inteligência espiritual resolve problemas que nem a cognitiva e nem a emocional dão conta». «Porque você chega num beco sem saída, de tal maneira, que só uma inteligência para além de tudo, pode te dar a direção e essa é a inteligência espiritual. A inteligência espiritual é a inteligência que te tira de situações que só a inteligência espiritual pode te tirar, nada mais. E isso se adquire, se desenvolve, todos nós temos».
Pe. Rodrigo Hurtado, LC, Fundador do Instituto Católico de Liderança, faz uma contribuição no chat ao vivo, lembrando que «em certo sentido, o casal junto no mesmo negócio é o natural e tradicional na história da humanidade. Sempre as famílias se dedicavam a um único negócio familiar».
Por fim, Adriano lembrou as iniciativas do Frei Rogério que informou que está para lançar seu primeiro livro, escrito para empreendedores católicos, com o título «Ser de Deus é rentável? O poder da fé na vida do empreendedor». «Nesse livro consegui colocar tudo o que tenho de experiencias do mundo do negócio conjugado com a fé, informa o religioso, que pode ser seguido através do perfil @freiorogeriosoares nas principais redes sociais.
O Frei também falou das «Petas do Frei», que é outro empreedimento social em Brasilia. «As pessoas precisam gerar renda de forma rápida, sem burocracia», revela. As petas do Frei são biscoitos de polvilho, sem glúten e sem lactose que são direcionadas para que pessoas de baixa renda possam revendê-las, conseguindo, dessa forma, obter um lucro diário. Essas pessoas também recebem aula de empreendedorismo e finanças pessoais e recebem incentivos para abrirem seu próprio negócio.
Por fim, Frei Rogério afirma que «todo empreendedor tem que entender que ele é um resolvedor de problemas. Ele vai resolver o problema de alguém. Se ele não resolver problema, ele nem abra um negocio», exclama.
Às pessoas que dizem que não se pode focar no problema, mas na solução, Frei Rogério responde: «Eu não! Eu sempre foco no problema. Eu sou um caçador de problemas. Primeiro, eu caço um problema e depois eu foco na solução. Quando eu acho um problema, nasce um empreendimento».
«Empreendedor, você é um caçador de problemas», desafia o Frei. «Tempo de crise é tempo de problemas, então, é onde tem mais possibilidade de empreendedorismo. Façam um elenco de problemas e digam, o que é melhor resolver aqui, o que eu vou resolver: abra um negócio».
O Podcast do Instituto Católico de Liderança que é transmitido ao vivo Youtube e pelo Instagram e pelo Facebook e também pode ser ouvido pelo aplicativo Seedtime e nos principais aplicativos de podcast.
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