A parábola do Filho Pródigo é uma das parábolas mais belas e mais famosas da Bíblia. Tem uma riqueza enorme para se comentar por diversos ángulos. Mas, eu gostaria de falar de um detalhe que me parece que está no centro de toda a parábola. Na parábola do Filho Pródigo, o mais estranho é esse filho que pede ao Pai sua parte da herança, quando o pai ainda está vivo.

Isso é algo surpreendente, cruel, inesperado, mas precisamente aí está a chave de tudo. A chave para entender esta parábola se pode resumir numa palavra: herança. O pecado fundamental do filho é trocar sua herança, ou seja, seus direitos de filho, sua pertença à família, por dinheiro, liberdade e prazer. O filho pródigo despreza seus direitos de família.

Tristemente, isto é algo que acontece muito no mundo de hoje se aplicamos a metáfora a nossa relação com Deus. Nós temos dois tipos de “direitos de nascimento”. Os naturais e os sobrenaturais. Ambos nos dão direito a uma “herança” também natural ou sobrenatural. 

Olha o que diz São João sobre estes direitos sobrenaturais: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1, 12) Não fala apenas de uma “graça”, mas de um direito. Já não somos escravos, somos filhos e se somos filhos, somos também herdeiros. 

Quando nos afastamos de Deus se inicia um processo que nos leva pouco a pouco a perder nossos direitos sobrenaturais. Vamos ver como isso acontece. Mas quando nos convertemos, Deus nos perdoa e se inicia o processo inverso.

Quando nos afastamos de Deus:

Esquecemos nossa Identidade

O princípio é este: Quanto mais longe estamos de Deus, mais perdemos de vista nossa consciência de filhos, esquecemos quem nós somos, nossa identidade.

Quando estamos perto de Deus, sabemos que somos filhos de Deus e tudo fica claro, tudo está resolvido. Quando nos afastamos de Deus, tudo fica confuso e escuro.

Perdemos nossa dignidade

Quando perdemos nossa identidade perdemos progressivamente nossa dignidade e terminamos na pior das situações.

É interessante destacar que Jesus não diz que Deus ou o pai terminou castigando o filho, não. São as próprias circunstâncias da vida que lhe fazem sofrer. É o próprio pecado que nos alcança. Não é Deus que castiga.

Perdemos nossa herança

O filho pródigo pegou a parte de sua herança e foi para um país distante e esbanjou toda sua fortuna vivendo uma vida desenfreada, depois de um tempo, de toda aquela fortuna não restava nada.

Ao nos afastarmos de Deus, perdemos tudo aquilo que Deus reservou para nós no céu.

O que acontece quando voltamos a Deus

O Pai não leva em conta o pecado, mas a conversão

Conta a parábola que o Pai viu de longe o filho. Podemos imaginar que o Pai nunca perdeu a esperança do filho voltar e, por isso, todos os dias saía para olhar no horizonte se o filho voltava.

Quando nós pecamos, Deus não está pronto para nos castigar, mas para nos perdoar e salvar.

O Pai devolve a dignidade ao filho

Ele não quer saber se o filho é digno ou não. Ele simplesmente chama seus servos e manda colocar sandálias nos pés, uma veste nova e uma aliança no dedo. Todos sinais da dignidade de um filho, não de um servo.

O pai quer devolver a seu filho sua dignidade e ajudá-lo a recuperar sua verdadeira identidade.

O Pai restitui a identidade e o destino do filho

Finalmente quando voltamos a Deus, Ele faz todo o possível para nos mostrar seu amor e devolver para nós a nossa identidade de filho e a nossa herança eterna.

Jesus veio para nos salvar precisamente para nos devolver nossa identidade, nossa dignidade, nossa herança e nosso destino.

Assista à homilia com o estudo bíblico completo: